Igreja/Portugal: Bispo de Aveiro sublinha urgência de responder a desafios «da marginalidade e dos pobres», perante padres de seis dioceses

«O mundo precisa de uma terapia do amor», afirmou D. António Moiteiro,na abertura das jornadas de formação do clero do centro

Fátima, 28 jan 2025 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro apelou hoje à construção de uma identidade cristã mais “pessoal e comunitária”, na abertura das jornadas de formação do clero do centro, sublinhando a importância de atender aos desafios “da marginalidade e dos pobres”.

“Os desafios que atualmente se apresentam à Igreja requerem uma identidade cristã mais pessoal e comunitária. A autenticidade e a fecundidade da reforma da Igreja passam pela renovação através da transformação da mente, o aprofundamento do pensamento e do sentimento, da espiritualidade e da teologia, da dimensão profunda da fé”, disse D. António Moiteiro, esta terça-feira, no discurso de abertura dos trabalhos, enviado à Agência ECCLESIA.

O bispo de Aveiro acrescentou que todos são convidados a “travar esta batalha, na qual a reforma da Igreja é fruto da oração e do trabalho de todos”, e alertou que “muitas formas da Igreja atual parecem-se ao túmulo vazio”, mas não têm a missão de “chorar diante do túmulo vazio, nem procurar Jesus num mundo que já não existe”.

A nossa missão é ir à ‘Galileia de hoje’ e encontrar ali Jesus vivo em novas formas de expressar a fé e de viver em comunidade. Galileia é o lugar do seguimento, da marginalidade e dos pobres. É esse o lugar do encontro com o Ressuscitado”.

Seis dioceses do centro de Portugal – Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e Viseu – estão a realizar as suas jornadas de formação entre hoje e quinta-feira, no Centro Pastoral Paulo VI, do Santuário de Fátima.

‘Comunicação da fé em tempos de mudança’, é o tema geral da formação, “partindo sempre do encontro transformador com o Ressuscitado”, salientou D. António Moiteiro, indicando que vão refletir como as primeiras gerações de cristãos “foram capazes de continuar o entusiasmo inicial” e lançaram os fundamentos das comunidades cristãs que se foram estabelecendo à volta do Mar Mediterrâneo.

A formação do clero do centro tem como referência bíblica a frase ‘Acreditei, por isso falei’, da segunda carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 4,13), que é a “carta magna do apostolado cristão e revela os aspetos mais importantes da missão de S. Paulo”, assinalou o bispo diocesano, que acrescenta que “ele coloca cada um diante da urgência de discípulos e na condição de pastores do rebanho de Cristo”.

D. António Moiteiro disse ao clero das dioceses do centro que “fidelidade a Cristo e fidelidade aos irmãos” são as “duas fidelidades essenciais” da sua vida de ministros ordenados, realçando que é necessário que as comunidades “vivam um forte sentido eclesial radicado na alegria da pertença e no desejo de a servir”, num mundo que precisa de “uma terapia do amor”, que deve acontecer no seio da comunidade eclesial.

“Hoje, o apelo a viver o Evangelho passa de uns para os outros, muitas vezes, por contágio. Necessitamos de pessoas que nos ajudem a crescer na fé e a apaixonar-se pelas realidades espirituais, a partir da sua própria experiência espiritual. A vida comunitária, a vida espiritual e a vida apostólica devem ser capazes de inspirar experiências novas”, desenvolveu, referindo que as comunidades que partilham, rezam, celebram e ajudam a discernir sobre os sinais e a vontade de Deus “tornam-se oásis para o florescimento das vocações”.

O Deus que anunciamos continua a querer revelar-se impotente no meio do secularismo do nosso mundo, da corrupção da vida política, da apatia com a qual os que têm riquezas olham para os que as não têm. É-nos difícil compreender que o Senhor esteja presente na Igreja sob o sinal da cruz e da «impotência», mas Deus nunca nos abandona”.

O bispo de Aveiro lembrou que a XVI Assembleia Geral do Sínodo sobre a sinodalidade, que se encerrou no Vaticano em outubro de 2024, pode ajudar todos a “redescobrir a corresponsabilidade no exercício do ministério, que exige também a colaboração com os outros membros do povo de Deus”, e desejou que as jornadas de formação “decorram sobre o signo da esperança”.

CB/OC

 

Dioceses do centro: Jornadas de formação do clero debatem a «Comunicação da fé em tempos de mudança»

 

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