Nova diretora-executiva aborda papel da organização nos vários contextos, marcado pelo «diálogo aberto com todos os intervenientes»
Lisboa, 23 set 2024 (Ecclesia) – A nova diretora-executiva da Fundação Fé e Cooperação (FEC) afirmou que assume o cargo com “grande sentido de responsabilidade pelo legado” que recebe e pela “história” que a organização construiu.
“Fazemos no próximo ano 35 anos e, ao longo destes 35 anos, a FEC acumulou um grande património de conhecimento e de experiência junto das comunidades e das populações com quem trabalhamos nos diferentes países e, por isso, recebo este legado com um grande sentido de responsabilidade”, afirmou Ana Patrícia Fonseca, no Programa ECCLESIA, transmitido esta segunda-feira.
Esta é uma missão que encara com “grande sentido de serviço às pessoas” que confiam na FEC e com quem a organização trabalha em Angola, na Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.
Ana Patrícia Fonseca destaca também os parceiros e os colaboradores e equipas da organização da FEC, por quem agora tem “também um sentido maior de responsabilidade pelo caminho que cada um faz a nível pessoal e a nível profissional”.
A FEC, da Conferência Episcopal Portuguesa, Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) que há mais de 30 anos tem a missão de promover o desenvolvimento humano integral, com projetos em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal, anunciou na última quarta-feira que Ana Patrícia Fonseca é a nova diretora-executiva, com uma ligação de quase 17 anos à organização.
A responsável refere que a FEC procura estar “permanentemente atenta e que escuta as pessoas, as bases”, para a partir daí definir a estratégia, “não para a organização, mas para a vida das pessoas, das comunidades concretas”.
“É preciso olhar a realidade e nós olhamos a realidade dos quatro países onde estamos e dos contextos particulares onde trabalhamos. Isto é uma leitura permanente, depois de tempos a tempos, de cinco em cinco anos, fazemos uma reflexão mais profunda com os nossos parceiros, com os nossos colaboradores, com as nossas equipas e que dão origem ao planeamento estratégico dos cinco anos seguintes e estamos neste momento nessa fase”, explica.
Ana Patrícia Fonseca indica que a forma de trabalhar da organização caracteriza-se por um “diálogo aberto com todos os intervenientes, os atores do contexto”.
“A nossa prioridade são as pessoas, mas temos que ter um diálogo com as autoridades, com os outros parceiros de organizações da sociedade civil, com as agências internacionais presentes nos contextos em que nós estamos, com os governos”, refere.
A diretora-executiva fala que a FEC procura fazer um diálogo transversal com todos os intervenientes num determinado contexto, porque sente que é sua “responsabilidade transmitir ou levar a quem decide aquilo que são os problemas, as necessidades e os desafios das pessoas” com quem trabalha.
E é necessário este diálogo. Nós dizemos muitas vezes que somos uma organização elevador. Andamos muitas vezes de cima para baixo, mas procurando não ser a voz, mas levar as pessoas e que sejam as pessoas protagonistas do seu próprio desenvolvimento e também que sejam elas próprias a voz das suas dificuldades. E também que sejam elas próprias a transmitir as soluções que têm. E isso só é possível num diálogo entre todos os que estão num determinado contexto”.
A FEC procura alterar os comportamentos e atitudes que não dignificam a vida das pessoas, também em Portugal.
“São as próprias pessoas que sabem o que é que não as dignifica. E muitas vezes não têm em si, todos nós temos, potencialidades escondidas. E aquilo que procuramos fazer é fazer emergir as potencialidades que cada pessoa tem”, enfatiza.
A ONGD é marcada pela matriz cristã, que não vê nisso uma dificuldade para o diálogo com os parceiros.
Essa é uma matriz muito forte no nosso trabalho e a fé abre-nos à esperança. Nós costumamos dizer que somos uma organização que vive entre a inquietação e a esperança. Vivemos inquietos com as desigualdades que todos os dias encontramos nas comunidades onde trabalhamos e com quem as nossas equipas todos os dias trabalham, mas também nos move uma esperança de que é possível alterar estas realidades”, realça Ana Patrícia Fonseca.
Segundo a responsável, é a fé que abre “uma esperança maior” e que move organização a desempenhar a sua ação “todos os dias” e a permanecer “em contextos de grande dificuldade e perturbação”.
Licenciada em sociologia, a nova diretora-executiva da FEC iniciou o percurso na FEC em 2008, onde desempenhou funções de destaque em áreas estratégicas como Educação para o Desenvolvimento, Advocacia Social e Comunicação.
HM/LJ/OC