Flores, luzes e cores são apenas uma pequena parte do tributo que os fiéis prestam ao Senhor que deu a vida pela humanidade, realça o reitor do Santuário
Ponta Delgada, Açores, 12 mai 2012 (Ecclesia) – As festividades em honra do Senhor Santo Cristo, que hoje e amanhã têm o seu ponto alto, são uma “referência” espiritual indispensável para as comunidades açorianas e um ponto de equilíbrio no meio da crise atual.
A posição é assumida pelo reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que em entrevista à Agência ECCLESIA, a partir de Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, sublinha a importância de “colocar Jesus como fiel da balança”, num tempo de “dificuldade e avaliação”.
“As pessoas vêm pela força que o sacrifício do Senhor deu à sua Igreja e na sua catolicidade procuram tudo aquilo que é bom, saudável para o corpo, para a alma e para o espírito”, salienta o monsenhor Agostinho Tavares.
O sacerdote, que assumiu esta missão em 1992, salienta que aquela iniciativa reúne fiéis de toda a região, sobretudo da ilha de São Miguel, e chama de volta a casa todos aqueles que saíram do arquipélago e estão espalhados pelo mundo inteiro”.
Desde o lançamento das comemorações, no dia 5 de maio, já chegaram a Ponta Delgada centenas de emigrantes portugueses, na sua grande maioria provenientes de países como Estados Unidos da América, Canadá ou Brasil.
Segundo o reitor, são esperados muitos mais até domingo, altura em que vai ter lugar a procissão da imagem do Senhor Santo Cristo pelas ruas da cidade.
“Dá gosto ver esta gente chegar à Praça da Saudade (Campo de São Francisco) e, ao mesmo tempo, dar ação de graças por aquilo que o Santo Cristo dá às famílias”, adianta o mesmo responsável.
“A imensidade de flores que embelezam o Santo Cristo” ou as “140 mil lâmpadas” que foram distribuídas para dar cor e luz ao Santuário, ao Convento da Esperança e à referida praça, são apenas uma pequena parte do tributo que os fiéis açorianos querem prestar ao Senhor que “se entregou à morte” por toda a humanidade.
“Mesmo os que não podem estar presentes nos locais das cerimónias fazem as suas caminhadas, acompanhadas pelo pároco respetivo, que os ajuda a encontrar concílio com a verdade”, aponta o monsenhor Tavares.
Esta manhã, às 10h30 (mais uma em Lisboa) está prevista a chegada a São Miguel do embaixador da Santa Sé em Portugal, D. Rino Passigato, que vai ser recebido pelo presidente do Governo Regional, Carlos César, duas horas depois.
O núncio apostólico preside às comemorações deste ano, que se prolongam até quinta-feira, e a visita a Ponta Delgada está integrada num programa de uma semana que começou com passagens pela Terceira e Faial, incluindo depois um contacto com as comunidades do Pico.
Segundo o calendário divulgado pela organização da festa do Santo Cristo, o arcebispo italiano vai celebrar este domingo a missa central do certame, também às 10h30 locais, no adro do Santuário, evento que deverá contar com a presença de milhares de peregrinos.
A imagem do Senhor Santo Cristo foi oferecida pelo Papa Paulo III (exerceu o pontificado entre 1534 e 1549) ao primeiro grupo de religiosas que quis fundar um convento em São Miguel, tendo-se deslocado a Roma para pedir a respetiva autorização.
A primeira procissão em honra do Santo Cristo aconteceu em 1700, realizando-se todos os anos no quinto domingo depois da Páscoa.
JCP/PR/OC