Jovens Sem Fronteiras, ligados aos Missionários Espiritanos, assinalam 40.º aniversário
Lisboa, 09 out 2023 (Ecclesia) – Os Jovens Sem Fronteiras (JSF), movimento ligado aos Missionários Espiritanos, estão a celebrar 40 anos de existência em Portugal, com um legado de solidariedade e ação evangelizadora em vários países.
“A experiência da missão não escolhe pessoas, todos nós nascemos com vocação missionária e é uma experiência que marca a vida de todos (…). Não é preciso ser católico, ser cristão, para ser um verdadeiro missionário e fazer as coisas gratuitamente e com Cristo no coração”, disse Sara Correia, membro dos JSF, em entrevista à Agência ECCLESIA.
A jovem, que cresceu no seio de uma família católica, desde muito cedo acompanhou este movimento.
“Os meus tios, a minha mãe, até o meu pai chegaram a passar pelo grupo e penso que esta influência foi marcando toda a minha vida e quando chegou a minha adolescência, senti que era a minha hora”, explica a entrevistada, da Paróquia de Monte Abraão, Patriarcado de Lisboa, na qual os JSF estão há 35 anos.
Com o lema “estar perto dos que estão longe sem estar longe dos que estão perto”, os JSF assistiram ao crescimento de várias gerações nas dinâmicas dos grupos de jovens que hoje dão a cara pela fundação.
À semelhança de Sara, Bruno Leite, antigo JSF, também tem uma ligação especial ao movimento, onde descobriu a vocação do matrimónio; fez parte da fundação do movimento, que acompanhou durante 16 anos, tendo sempre sentido ser um “protagonista”.
“Desde sempre que eu senti que estávamos todos, todos, todos envolvidos”, afirma, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2), realçando que todos os quadrantes juvenis estavam integrados nos JFS, o que “enriquecia o movimento e enriquece, ainda hoje”.
Os JSF são acompanhados por um sacerdote, sendo o padre Hugo Ventura quem ocupa o cargo nos últimos cinco anos.
Segundo o religioso, o lema do movimento “bebe daquilo que é a raiz da congregação dos missionários do Espírito Santo, que é uma congregação que procura ser uma presença de Deus junto das periferias, junto onde ninguém quer estar, onde há tanta dificuldade de missionários”.
“O padre Firmino (fundador dos JSF) com outros Espiritanos, há 40 anos incutiram este espírito que é o nosso ADN, a nossa razão de ser, que é esta presença tão antiga e tão nova da Igreja. Aliás, o Papa Francisco que tem desafiado tanto os jovens e toda a Igreja a esta dinâmica de destruir muros e construir pontes”, afirma.
Os JSF caracterizam-se também pelos projetos ponte, que são atividades de voluntariado missionário juvenil além-fronteiras.
Em 2022, Caió, na Guiné-Bissau, foi o local escolhido, neste que foi a primeira casa do projeto de voluntariado, em 1988.
De acordo com Sara Correia, esta foi “uma experiência muito marcante”, da qual ressalta “as pessoas”, um “povo muito rico” e o acolhimento.
“Estávamos numa comunidade que sendo profundamente isolada, experienciou isto de não ser vista por ninguém. A religiosa que nos acompanhava ao longo do mês dizia que às vezes sentiam-se como uma gota no meio do oceano (…). Foi importante isto de sentir que apesar de nós não conseguirmos fazer muito, fizemos aquilo que podíamos dentro das nossas possibilidades que só a nossa presença fazia com que eles se sentissem vistos”, relatou.
Questionada sobre a disponibilidade dos jovens para participar em experiências missionárias, a entrevistada reflete que “os jovens estão sedentos de coisas diferentes”.
“Hoje em dia temos muito mais oportunidades para fazermos coisas diferentes, então é preciso que os movimentos sejam cada vez mais apelativos e que tenham propostas mais apelativas para os jovens”, destacou a jovem.
“Nós queremos é experiências profundas, de diálogo, de missão, e então acho que é preciso isto: proporcionarmos momentos de encontro com Deus, com os outros, connosco próprios, cada vez mais profundos e mais pensados à imagem do jovem de hoje e não do jovem de há 40 anos”, acrescentou.
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