Igreja: Porta-voz da Conferência Episcopal considera «lastimável» que ONU tenha omitido relatórios do Vaticano

Em causa diretrizes em curso na Igreja Católica sobre casos de abuso sexual

Setúbal, 12 fev 2014 (Ecclesia) – O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) lamentou hoje que as Nações Unidas tenham dirigido recomendações à Santa Sé sobre o tratamento de casos de abusos sexuais na Igreja Católica omitindo o relatório anteriormente entregue pelo Vaticano sobre o assunto.

O padre Manuel Morujão afirmou, no final do Conselho Permanente da CEP, que os relatórios entregues pela Santa Sé à Comissão das Nações Unidas para os Direitos da Criança “certamente foram omitidos e isso é verdadeiramente lastimável”.

O padre Manuel Morujão recordou que, poucos dias antes da divulgação das recomendações das Nações Unidas, “já o representante da Santa Sé tinha dado explicações orais e entregou relatórios sobre o que a Santa Sé tem feito”.

Para o porta-voz da CEP, esses dados “são muito concretos”, não são teorias, “mas diretivas e práticas” que têm guiado a atuação do Vaticano no tratamento de casos de abuso sexual na Igreja Católica.

O também secretário da CEP recordou as dificuldades que a própria ONU reconhece que “existem nesse campo”, nomeadamente nos casos em que elementos de ações humanitárias são acusados desses “abusos desumanos”.

Questionado pelos jornalistas, o padre Manuel Morujão comentava, no final dos trabalhos do Conselho Permanente da CEP, as recomendações da Comissão das Nações Unidas para os Direitos da Criança sobre o tratamento de casos de abuso sexual na Igreja Católica publicadas no dia 5 de fevereiro, após ter ouvido a exposição das diretivas em curso no Vaticano, no dia 16 de janeiro.

No fim dos trabalhos deste órgão da CEP, realizado em Setúbal no dia em que o bispo diocesano assinala 25 anos de ordenação episcopal, o padre Manuel Morujão referiu-se ainda à solidariedade dos católicos na Quaresma, que começa no início do mês de março, pedindo que as ajudas resultantes do jejum que marca esse o tempo de preparação para a Páscoa seja para os “cristãos da Terra Santa”.

O povo português tem “sabido responder a este desafio da solidariedade” e, pensando além fronteiras, “os cristãos dos lugares santos passam por dificuldades”, disse o porta-voz da CEP.

“O que se poupa no jejum possa ser dado aos cristãos que vivem na Terra Santa”, afirmou.

Sobre o mau tempo que tem fustigado Portugal nos últimos dias, o padre Manuel Morujão afirma que “perante qualquer calamidade”, mais do que olhar para a tragédia que aconteceu as pessoas devem “abrir o coração solidariamente para aqueles que ficaram mais pobres, alguns sem casas e partes dos seus haveres”.

O padre Manuel Morujão anunciou ainda que os bispos portugueses vão publicar duas notas pastorais, uma sobre o quinto centenário de nascimento de D. Frei Bartolomeu dos Mártires e outra sobre o centenário da fundação da família paulista, pelo padre Tiago Alberione.

O Conselho Permanente é um órgão delegado da assembleia dos bispos católicos em Portugal, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, reunindo ordinariamente todos os meses.

O organismo é atualmente constituído por D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa (presidente da CEP); D. António Marto (vice-presidente), bispo de Leiria-Fátima; D. Jorge Ortiga (vogal), arcebispo de Braga; D. Gilberto Canavarro Reis (vogal), bispo de Setúbal; D. António Francisco dos Santos (vogal), bispo de Aveiro; D. Manuel Quintas (vogal), bispo do Algarve; D. António Couto, bispo de Lamego; padre Manuel Morujão (secretário)

LFS/PR

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Agência ECCLESIA

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