Professora da UCP participou em conferência no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa, sobre a «Herança» de Francisco e os «Desafios» do novo Papa

Lisboa, 02 jun 2025 (Ecclesia) – Teresa Messias, professora da Universidade Católica Portuguesa (UCP), acredita que Leão XIV vai dar continuidade ao pontificado do antecessor, no entanto terá o própria estilo e prioridades.
“A ideia que eu tenho, é claro que isto tudo pode sair errado, evidentemente, mas acho que vai ser uma continuidade, numa mudança de estilo e numa mudança de prioridades provavelmente”, afirmou a docente, esta sexta-feira, em declarações à Agência ECCLESIA.
Antes do início da conferência sobre a «Herança» de Francisco e os «Desafios» de Leão XIV, no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa, Teresa Messias considerou que apesar da ideia de continuidade, Leão XIV não fará “uma igualdade do pontificado anterior”.
“Costuma-se dizer que é uma solução de continuidade e não de rutura. Eu não prevejo que o Papa Leão XIV faça uma rutura com tudo o que é ou foi a maneira de proceder, de agir, as decisões mais importantes que o Papa Francisco tomou”, destacou.
A professora da UCP lembrou que os cardeais que elegeram Leão XIV “tiveram o cuidado de dizer justamente que o perfil que procuravam era alguém que continuasse a herança deixada pelo Papa Francisco, mas naturalmente vai haver inovações”.
Parece-me evidente que ele nas grandes questões de fundo vai manter o rumo, pelas vezes que ele cita o Papa Francisco, mas depois há pequeninos sinais que me deixam antever que ele vai ter pelo menos outro estilo, talvez um estilo não tão emocional, um estilo muito mais reflexivo”, realça.
Além de Teresa Messias, a conferência contou também com a participação de Octávio Carmo, vaticanista e chefe de redação da Agência ECCLESIA, Juan Ambrosio, professor da Universidade Católica Portuguesa, com moderação de Paulo Rocha, jornalista e diretor da Agência ECCLESIA.
O padre João Lourenço, que introduziu o tema, refere que os franciscanos não poderiam ser “indiferentes àquilo que vai acontecendo” e que esta passagem, do Papa Francisco para o Papa Leão XIV, “é um momento importantíssimo para a vida da Igreja”.
A mim interessa-me particularmente fazer algo para que a herança tão notável, única, um património, eu diria, singular, que o Papa Francisco nos legou, não se extinga, mas continue, e por isso é preciso falar nele, é preciso apresentá-lo, é preciso divulgá-lo”, salientou.
Para o sacerdote, fazer isso não é, de forma alguma, “bloquear, seja o que for, ao novo Papa”, mas sim assumir a mensagem que agora se quer continuar.
Octávio Carmo defende que a marca que “o Papa Francisco deixou é muito forte, é muito forte na Igreja, é muito forte na sociedade, nas pessoas que foram acompanhando o pontificado ao longo dos últimos anos”.
“Há um conjunto de posições que o Papa Francisco foi tomando ao longo do pontificado que mobilizaram muito as fronteiras e até fora das fronteiras da Igreja Católica e, desse ponto de vista, acho que isso vai pesar muito, pelo menos no início do pontificado do Papa Leão XIV, até encontrar ele próprio o seu caminho e as suas prioridades”, indicou.
O vaticanista salienta o facto de Leão XIV parecer estar, desde já, à vontade com o lugar que os cardeais escolheram para si, realçando que, a propósito do Jubileu 2025, o novo Papa “não tem tido de sair muito dos espaços que já conhecia”.
“Há um clima de fundo, uma vaga de fundo de grande estima e de grande simpatia para com ele, portanto, acho que toda essa naturalidade faz com que o início pontificado esteja a ser, até ver, pelo menos bastante pacífico e bem conseguido”, disse.
Para Juan Ambrosio, uma das tentações que era preciso evitar era que “Leão XIV fosse um Francisco II”.
“O que é que eu quero dizer com isto? Não se pode imitar uma pessoa, portanto, cada um é cada um, com as suas características, com o seu tom, com a sua maneira de ver, e, portanto, agora Leão XIV precisa de encontrar esse tom e essa maneira de ver. A própria escolha do nome é disso sinal significativo”, evidenciou.
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