Igreja/Política: Papa espera que «acordo provisório» com a China seja renovado em outubro

Francisco explica que processo “é lento”, referindo que os chineses têm a «sensação de tempo que ninguém os pode apressar»

Foto REUTERS/Remo Casilli

Cidade do Vaticano, 05 jul 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco espera que o Acordo Provisório assinado entre o Vaticano e a China, sobre a nomeação de bispos, possa ser renovado em outubro.

“O acordo está a avançar bem e espero que em outubro possa ser renovado”, disse Francisco na entrevista à agência Reuters, divulgada hoje.

O Acordo Provisório sobre a nomeação de bispos foi assumido em Pequim, a 22 de setembro de 2018, entrou em vigor um mês depois, é renovado a cada dois anos; a primeira renovação foi anunciada a 22 de outubro de 2020 e foi o primeiro do género assinado entre as duas partes.

“Está a decorrer lentamente, mas eles estão a ser nomeados”, assinalou o Papa, comparando a situação atual com a situação que a Igreja vivia em alguns países antes de 1989, até à queda do Muro de Berlim.

Desde a assinatura do acordo entre o Vaticano e o governo Chinês foram nomeados seis novos bispos, e foi regularizada a situação de sete bispos que tinham sido ordenados antes de 2018, sem a aprovação da Santa Sé.

Francisco sublinhou que é um “processo lento ‘o caminho chinês’, realçando que os chineses “têm aquela sensação de tempo que ninguém os pode apressar”.

“A diplomacia é assim. Quando se enfrenta uma situação de bloqueio, é preciso encontrar o caminho possível, não o ideal, para sair dela. A diplomacia é a arte do possível e de fazer coisas para que o possível se torne uma realidade”, desenvolveu o Papa.

Segundo Francisco, “a Santa Sé sempre teve estes grandes homens”, e elogiou o trabalho do secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, neste processo com a China, lê-se no sítio online da Reuters.

Sobre a liberdade religiosa e a perseguição aos católicos na China, desde a assinatura do acordo, o Papa recordou que os chineses “também têm os seus próprios problemas porque não é a mesma situação em todas as regiões do país”, e esse tratamento “também depende dos líderes locais”.

O Papa salientou a opção pela “política de pequenos passos”, lembrando que “muitos” disseram “tantas coisas contra João XXIII, contra Paulo VI”, nas décadas de 1960 e 1970, contra o cardeal Agostino Casaroli nas suas relações com os países comunistas, durante a Guerra Fria.

Foto: Lusa/EPA

As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé [Associação Patriótica Chinesa, APC] e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu depois da expulsão da China.

A APC seria criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade direta do Papa.

O acordo entre a Santa Sé e a República Popular da China visa regularizar o estatuto da Igreja Católica neste país; Pequim exige que sacerdotes e bispos se registem oficialmente junto das autoridades civis.

CB

 

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Agência ECCLESIA

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