Igreja/Política: É necessária reforma da elite política

José Miguel Sardica afirma que caso Sócrates poderá servir para «reconfigurar regras institucionais e constitucionais»

Lisboa, 15 dez 2014 (Ecclesia) – O diretor da Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Universidade Católica Portuguesa (UCP), José Miguel Sardica, afirma ser necessária uma “reforma da elite política” portuguesa.

“A visão de Portugal está em causa: se por um lado questiona até que ponto a elite política está envolvida em escândalos pode também solidificar a imagem de Portugal mostrando que a justiça tem coragem para limpar a elite política, ajudando a refundar uma relação entre negócios e política que de facto existe”, afirma o diretor no comentário ao programa ECCLESIA, analisando a prisão preventiva de José Sócrates e um “acumular de casos no último ano que ligam a política a negócios”.

Sem assumir o que alguns analistas apontam como “a mudança de um regime”, José Miguel Sardica preconiza uma “renovação forçada da elite política” em Portugal, que “configure regras institucionais e constitucionais”.

Para o docente universitário a mediatização do caso Sócrates, que se encontra em prisão preventiva acusado de fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais, reflete uma tensão que Portugal atravessa.

“Por razões sociais, económicas e políticas o ambiente anda tenso e penso que o caso Sócrates, que só agora começou, é uma válvula de escape que as pessoas que encontraram em quem objetivar os seus males. É um fenómeno mental interessante perceber como as pessoas, que não o conhecem, opinam, mostrando uma agitação mental em que atualmente se vive”.

O “circo mediático” em torno deste caso de justiça, “que os media têm contribuído para inflacionar”, assinala José Miguel Sardica, tira espaço para “pensar no verdadeiro significado desta situação”: “as relações entre a justiça e a política”.

Para o diretor da FCH este é um dos casos que irá ser “estudado judicialmente, politicamente e mediaticamente”, numa análise sobre “o que é bom ou mau jornalismo”, para além da oportunidade para a “opinião pública refletir sobre o que se passa na relação entre política e justiça, qualidade da democracia e confiança pública”.

O professor José Miguel Sardica é comentador da ECCLESIA e a sua análise pode ser acompanhada no programa de rádio na Antena 1.

LS

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