Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa alerta para substituição de «causas por casos»
Fátima, Santarém, 13 abr 2015 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, disse hoje em Fátima que os partidos políticos têm de apresentar “propostas concretas e consistentes”, em ano de eleições legislativas.
“É imprescindível que os partidos e candidatos apresentem propostas concretas e consistentes para a resolução dos problemas que enfrentamos e se evite trocar causas por casos”, disse o cardeal-patriarca de Lisboa, no discurso de abertura da 186.ª assembleia plenária do organismo episcopal, que decorre até quinta-feira.
As eleições para a Assembleia da República em Portugal vão ocorrer este ano numa data a definir pelo presidente, entre 14 de setembro e 14 de outubro; as eleições presidenciais, por sua vez, vão realizar-se no início de 2016.
Neste contexto, o presidente da CEP recordou que a sociedade portuguesa “entrará em breve num período de reflexão e decisões políticas” que requerem “uma particular atenção” de todos.
D. Manuel Clemente, que citou o Papa Francisco, falou de “causas essenciais” que têm de estar no centro do debate político, como o “respeito ao bem comum, a vida empresarial criadora de trabalho e riqueza, a real promoção dos pobres ou a salvaguarda dos mais frágeis”.
“Grandes foram as dificuldades sofridas por muitos, sobretudo os mais pobres ou desapoiados, com gravíssimos problemas por resolver ainda, especialmente no campo do trabalho e do emprego”, alertou.
O cardeal-patriarca aludiu ao “legítimo pluralismo” dos católicos, que devem ter em conta os “princípios do pensamento social cristão” que foram “reapresentados pelo Papa Francisco na sua exortação ‘programática’”, a ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho).
Para o presidente da CEP, é urgente encontrar uma “base comum de valores sociais e humanitários”, na partilha de “finalidades essenciais que só conjuntamente serão alcançadas”.
A este respeito, D. Manuel Clemente lembrou que a propriedade “não é um bem absoluto para ninguém”, mas relativo ao bem comum.
O discurso falou da “qualidade humana e humanizante da atividade económica”, que não deve ser “esquecida nem hipotecada a qualquer apriorismo teórico ou alheamento prático”.
O presidente da CEP concluiu com uma referência à celebração do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, que se vai assinalar em 2017.
“As próximas celebrações serão certamente um motivo maior de solidariedade e ânimo para nos reconstruirmos agora, na justiça e na paz”, declarou.
OC