Cáritas ficará encarregue da distribuição dos bens, que serão aplicados pelas paróquias
O Conselho Consultivo da Pastoral Social, da Igreja Católica, propôs esta Quinta-feira a criação de um novo “fundo” conjunto para reunir fundos destinados a apoiar a população mais necessitada.
Em conferência de imprensa, D. Carlos Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, revelou que este “fundo novo” da Igreja se destina a promover “mecenato, a generosidade das pessoas, para atender aos apelos das dioceses, das paróquias”.
O Bispo auxiliar de Lisboa deixou votos de que “cada paróquia, congregação, movimento inclua no seu plano pastoral a atenção às pessoas mais afectadas pela crise, denuncie injustiças locais, exija empenhamento político da administração pública, motive a comunidade para a partilha dos bens”.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, explicou que a ideia de um “fundo comum” tem como objectivo “congregar esforços e rentabilizar meios disponíveis
“Se não fosse a generosidade dos portugueses e portuguesas teríamos muito mais dificuldades em atender aos problemas que diariamente nos aparecem”, sublinhou.
A Cáritas irá desde já avançar com cerca de 30 mil Euros para iniciar esse fundo, com parte do montante que recolheu na operação de Natal de 2009.
“Depois virão outros contributos”, indicou Eugénio Fonseca, assinalando que “seria bom que alguns cristãos quisessem dar, durante algum tempo, uma percentagem dos seus vencimentos”.
A aplicação das verbas será feita em cada diocese, confiando nas paróquias para as fazer chegar “às pessoas em necessidade”, dado que “conhecem melhor a realidade”
“A nossa prioridade será sempre para os mais pobres”, destacou o presidente da Cáritas Portuguesa, organização que ficará responsável por fazer circular os bens.
Na sua intervenção, D. Carlos Azevedo considerou que “o mais importante não são palavras, mas obras, uma economia ao serviço do ser humano, uma partilha generosa dos bens, uma organização eficaz das ofertas de ajuda”.
“A Igreja tem diante de si um trabalho descomunal e impagável: colaborar na construção de uma cultura da solidariedade e da justiça que elimine o cancro da cultura da satisfação”, observou.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social pediu que “não haja nenhum programa de caridade sem análise social, sem denúncia política das estruturas sociais de exploração e dependência que impedem a justiça”.
“Há um trabalho difícil mas a percorrer de pedagogia social na educação das consciências e das mentalidades para a necessidade de algo novo para todos”, concluiu.