Igreja/Património: «Rota das Catedrais» volta com novas iniciativas, interligando lugares de referência em Portugal

Secretariado Nacional dos Bens Culturais promovem I Jornadas de Pastoral

Leiria, 18 out 2024 (Ecclesia) – A diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (SNBCI), disse hoje que o projeto ‘Rota das Catedrais’ vai regressar, com várias iniciativas que visam interligar estes lugares de referência em Portugal.

“Um dos propósitos que tive quando iniciei funções foi, realmente, retomar a Rota das Catedrais, avançando-se agora também numa outra perspetiva”, refere Fátima Eusébio, em declarações à Agência ECCLESIA.

A responsável falava durante as I Jornadas de Pastoral promovidas pelo SNBCI, que decorrem no Museu de Leiria.

Fátima Eusébio indica que a Rota, iniciada em 2009 com um protocolo celebrado entre a Conferência Episcopal (CEP) e o Estado Português, se centrou, nos seus primeiros anos, em “intervenções de conservação e restauro”.

“Pretendemos também pôr em prática e desenvolver agora a vertente de rota, pôr estas catedrais todas interligadas, com a existência de materiais de comunicação que sejam qualificados e comuns – adaptada a cada catedral -, a existência de uma sinalética para as catedrais e fazer delas uma verdadeira rota, associando-lhe também alguma programação cultural”, precisa a diretora do SNBCI.

Fátima Eusébio destaca a importância do diálogo estabelecido com o Património Cultural IP, que criou uma divisão específica.

“Temos de corresponder a isso, sendo que vai também surgir um novo site da Rota das Catedrais, atualizado, para haver uma comunicação diferenciada”, indica a entrevistada.

Estas jornadas inserem-se na comemoração do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, que é celebrado anualmente a 18 de outubro, dia do evangelista São Lucas, padroeiro dos artistas.

A iniciativa tem mais de 70 inscritos, com representantes de todas as dioceses portuguesas.

“Este encontro proporciona o encontro entre os agentes dos bens culturais e outros profissionais que estejam associados, porque devemos ter em conta que é muito importante estarmos juntos, partilharmos conhecimento”, observa a diretor do SNBCI.

Para a responsável, estas iniciativas ajudam a criar um “sentido de proximidade, de presença”.

As jornadas contaram com a participação de Carla Varela Fernandes, chefe de divisão para a Rota das Catedrais do Património Cultural-Instituto Público.

“A Rota das Catedrais teve o seu ponto alto em 2018, com a realização de uma grande exposição sobre este tema no Palácio Nacional da Ajuda e depois ficou um pouco parado”, assinala à Agência ECCLESIA esta responsável, sublinhando a intenção de valorizar um projeto que pretende envolver todas as catedrais do país.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Carla Varela Fernandes recorda que, em Portugal, “o fluxo turístico é gigantesco”, pelo que as catedrais acolhem muitos visitantes.

A responsável assume a necessidade de prosseguir estudos “sobre estes edifícios, sobre a sua história, sobre a sua integração no espaço urbano, das suas comunidades, das comunidades crentes e não crentes, que também as frequentam”.

O esforço passa também pela valorização das “condições físicas”, que possam responder ao “fluxo de visitantes”, ajudando na entrada e circulação, com a criação de circuitos de visita.

“As pessoas cada vez mais procuram saber a história, o significado simbólico dos objetos que lá se encontram e que muitas vezes desconhecem por completo”, observa a entrevistada.

Carla Varela Fernandes fala da necessidade de uma “relação muito estreita” entre os organismos do Estado e da CEP, para que este projeto possa avançar, exigindo a revisão do protocolo.

“Vamos acrescentar novas situações, de acordo com a realidade em que atualmente nos movemos”, aponta.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

D. Nuno Brás, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, disse à Agência ECCLESIA que esta presença é importante “pela procura de pontos de vista comuns e pela partilha de trabalhos que se realizam nas várias dioceses”.

“Os bens culturais são uma realidade essencial, muito importante na própria pastoral”, indicou o bispo do Funchal, para quem, além da salvaguarda do património, é preciso promove o “valor espiritual” destes bens.

“São ocasião de diálogo com o mundo contemporâneo, para poder desafiar quem os vê, quem os procura, quem os admira, a encontrar-se também com Deus”, aponta.

O programa inclui comunicações de Giulia Privitelli, da Rede Internacional “Pedras Vivas”; de Sandra Maria do Vale, do Arquivo Diocesano de Bragança-Miranda; de Eva Raquel Neves, do Museu Diocesano de Santarém; de Maria Isabel Roque, da Universidade Católica Portuguesa (UCCP); de Graça Maria Nóbrega Alves, diretora Museu de Arte Sacra do Funchal; e do cónego Joaquim Félix de Carvalho, da Faculdade de Teologia da UCP.

O encerramento das Jornadas está a cargo de Fátima Eusébio, seguindo-se uma visita à exposição ‘Corpus – Ritualidade, Forma e Presença’, conduzida por Marco Daniel Duarte, Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima.

Além das jornadas, o secretariado promove, entre esta tarde e manhã de sábado, uma sessão de trabalho do Conselho Nacional, com apresentação dos resultados de um inquérito sobre Bens Culturais da Igreja, em Portugal.

O eConselho Nacional dos Bens Culturais conta com responsáveis diocesanos, convidados e membros de dois grupos de trabalho: para a conservação e restauro; para os museus e projetos expositivos.

CB/OC

Notícia atualizada às 19h13

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