Igreja: Papa vai canonizar José Gregorio Hernández, primeiro santo venezuelano que tem forte devoção na Madeira

Pároco da Sé do Funchal, Marcos Gonçalves, que também nasceu na Venezuela, explica ligação e presença do beato, conhecido por ser médico dos pobres, na ilha

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 14 out 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV vai canonizar, no próximo domingo, o primeiro santo venezuelano, José Gregorio Hernández Cisneros, fiel leigo, que, explica o pároco da Sé do Funchal, tem uma forte devoção forte na Madeira.

“Todos os madeirenses, a nossa comunidade madeirense da Venezuela, quando chega à Ilha da Madeira e a Portugal, trazem esta grande devoção ao Dr. José Gregorio Hernández”, afirma o cónego Marcos Gonçalves, em declarações ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

Nascido a 26 de outubro de 1854, na Venezuela, aquele que será o primeiro santo venezuelano é conhecido pela dedicação aos mais pobres e vai ser canonizado em conjunto com outros seis beatos, entre eles Carmen Elena Rendíles Martínez, fundadora da Congregação dos Servos de Jesus, também venezuelana.

“É uma grande alegria para o povo da Venezuela”, assinala o padre da Diocese do Funchal.

Sobre a chegada da devoção à Madeira, o cónego refere que os madeirenses integrados nas paróquias no país da América do Sul vão começar “a conhecer a fama de santidade deste médico” e muitos se vão dirigir ao cemitério onde está sepultado para “pedir uma graça” ou cura para males.

“Eu sou português, nascido na Venezuela, e, digamos, o meu pai era muito devoto do Dr. José Gregorio Hernández, até quando eu nasci, com oito meses, com problemas respiratórios, o meu pai foi até à campa do cemitério onde estava o Dr. José Gregorio, a pedir-lhe a graça de que eu ficasse bem”, conta.

Foto: Lusa/EPA

O cónego Marcos Gonçalves relata que no ano em que nasceu, em 1975, o beato foi “transladado para a Igreja em Caracas, a Igreja da Candelária”, que José Gregorio Hernández frequentava e participava a Eucaristia.

“Ele começa a ver muitas graças alcançadas e é claro, a partir daí começa muita gente a recorrer e a ser o cemitério e depois a igreja da Candelária um lugar de peregrinação”, refere.

O sacerdote indica que há histórias de “muitas pessoas” que não conheciam o beato, nomeadamente portugueses, e que acabam por vê-lo de “uma forma extraordinária”.

“Há relatos que dizem que estavam no hospital quando vê um médico a chegar ao pé da cama e a falar com a pessoa, a dar-lhe ânimo, a transmitir-lhe esperança. Depois, mais tarde, essa pessoa doente acaba por perceber que essa pessoa já morreu”, reconhecendo o doutor José Gregório Hernandes através de fotografias, revela.

A devoção a José Gregorio Hernández inicia-se na ilha da Madeira através da circulação destas descrições, tendo a catedral do Funchal recebido uma relíquia do beato.

“São muitas as pessoas que visitam a nossa Sé para venerar esta relíquia e pedir-lhe graças”, testemunha.

Sobre o percurso de vida do primeiro santo da Venezuela, Marcos Gonçalves menciona que o médico, logo no seu nascimento, “vai ter duas características, uma é a sua inteligência e a outra a sua piedade, a sua devoção e a sua bondade”.

“Ele é um jovem muito inteligente, vai entrar no curso de Medicina em Caracas, depois vai ter muito boas notas e por causa disso, o presidente da Venezuela vai-lhe dar uma bolsa de estudo onde ele vai até Paris especializar-se em microbiologia e outras ciências”, menciona.

O pároco da Sé do Funchal lembra que José Gregorio Hernández “será o primeiro médico a trazer para a Venezuela o primeiro microscópio” e que se torna professor universitário, sentindo-se depois chamado a ser padre.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

“Vai tentar entrar nos padres da Cartuxa, depois não consegue porque tem uma doença pulmonar e vai ter que desistir e voltar para a Venezuela. Depois ele tenta entrar também nos franciscanos, mas volta a ter uma doença nos pulmões e volta novamente para a Venezuela e vai perceber que Deus não quer que ele seja religioso ou padre”, indica.

Segundo Marcos Gonçalves, depois de perceber que a sua missão passa pela medicina, o beato vai começar a dar “consultas gratuitamente aos mais necessitados, compra medicamentos e tudo isso vai levar com que ele, já em vida, seja reconhecido como um médico dos pobres”.

“Ele vai morrer com 54 anos atropelado, quando se dirigia a atravessar a estrada para comprar numa farmácia um medicamento para um idoso que estava doente”, refere.

Para além de José Gregorio Hernández Cisneros e Carmen Elena Rendíles Martínez, Leão XIV vai canonizar, no Dia Mundial das Missões, Ignazio Choukrallah Maloyan, arcebispo Arménio-Católico de Mardin, mártir; Peter To Rot, leigo e catequista, mártir; Vincenza Maria Poloni, fundadora do Instituto das Irmãs da Misericórdia de Verona, Maria Troncatti, freira professa da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora; e Bartolo Longo, fiel leigo.  

PR/LJ/OC

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