Conferência de imprensa no regresso a Roma abordou ainda desafios do Caminho Sinodal Alemão

Cidade do Vaticano, 02 dez 2025 (Ecclesia) –Leão XIV confidenciou hoje aos jornalistas que, antes da sua eleição, tinha pensado na reforma, e descreveu a sua atitude no último Conclave como um ato de entrega a Deus.
“Há apenas um ou dois anos eu também pensei em reformar-me um dia”, revelou o Papa, de 70 anos, durante a viagem de regresso do Líbano, partilhando a sua reação espiritual ao perceber que seria eleito como sucessor de Francisco, o que veio a acontecer no dia 8 de maio.
“Eu rendi-me quando vi como as coisas estavam a correr e disse que isto poderia tornar-se realidade. Respirei fundo e disse: ‘aqui estamos, Senhor, Tu és o chefe, Tu guia o caminho’”, contou.
Leão XIV disse ainda acredita “absolutamente no segredo do Conclave”, embora saiba que houve “entrevistas públicas em que algumas coisas foram reveladas”.
O Papa brincou com os jornalistas, que tentam adivinhar o significado de algumas das suas expressões corporais.”
“O meu rosto é muito expressivo, mas muitas vezes divirto-me com a forma como os jornalistas interpretam a minha expressão facial. É interessante, às vezes recebo grandes ideias de vocês, porque pensam que conseguem ler os meus pensamentos ou a minha expressão facial. Nem sempre estão certos”, afirmou.
O antigo responsável mundial da Ordem de Santo Agostinho apresentou o livro ‘A Prática da Presença de Deus’, do Irmão Lawrence (séc. XVII) como inspiração.
“Se desejam saber algo sobre mim, sobre o que tem sido a minha espiritualidade durante muitos anos, no meio de grandes desafios, vivendo no Peru durante os anos do terrorismo, sendo chamado ao serviço em lugares onde nunca pensei que seria chamado a servir…”, assumiu.
Questionado sobre o “Caminho Sinodal” na Alemanha, Leão XIV pediu cuidado para que as diferenças não levem a uma fratura.
“Há espaço para o respeito pela inculturação. O facto de, num lugar, a sinodalidade ser vivida de uma determinada maneira e, noutro, ser vivida de forma diferente, não significa que deva haver uma ruptura ou uma fratura. Penso que é realmente importante recordar isto”, declarou.
O caminho sinodal não é o único na Alemanha, toda a Igreja celebrou um Sínodo e a sinodalidade, nos últimos anos. Existem grandes semelhanças, mas também algumas diferenças marcantes.”
O Papa defendeu a necessidade de “mais diálogo e escuta dentro da própria Alemanha”, para que “a voz dos mais poderosos não silencie a voz daqueles que podem ser muito numerosos, mas que não têm um lugar para falar”.
Leão XIV admitiu recear que muitos católicos na Alemanha acreditem que certos aspetos do caminho sinodal “não representam as suas esperanças”.
A resposta recordou ainda que decorre um processo de diálogo entre os bispos alemães e a Cúria Romana para que a experiência alemã “não se afaste, por assim dizer, do que deve ser considerado um caminho da Igreja universal”, manifestando esperança de que “as coisas se resolvam de forma positiva”.
OC
