Igreja: Papa recorda povos «humilhados pela ganância alheia» e pela fome

Leão XIV presidiu a Missa e procissão do Corpo de Deus pelas ruas de Roma

Roma, 22 jun 2025 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje à Missa do Corpo de Deus, na Basílica de São João de Latrão, recordando os povos afetados pela fome e a “ganância alheia”.

“Diante da miséria de muitos, a acumulação de poucos é sinal de uma soberba indiferente, que produz dor e injustiça. Em vez de partilhar, a opulência desperdiça os frutos da terra e do trabalho do homem”, disse Leão XIV, na homilia da celebração, que reuniu milhares de pessoas, em Roma.

A reflexão partiu de uma passagem do Evangelho de São Lucas que narra o milagre dos pães e dos peixes, com que Jesus alimenta uma multidão que o seguia.

“Jesus age segundo o estilo de Deus, ensinando a fazer o mesmo. Hoje, no lugar das multidões recordadas no Evangelho estão povos inteiros, humilhados pela ganância alheia mais ainda do que pela própria fome”, advertiu.

A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo celebrou-se em Portugal no 60.º dia após a Páscoa (19 de junho em 2025), uma quinta-feira, ligando-se assim à Última Ceia; nos países onde não é feriado civil, a celebração assinala-se no domingo seguinte.

O Papa recordou a celebração de um Jubileu, o Ano Santo que Francisco convocou, sobre o tema da esperança.

“Especialmente neste ano jubilar, o exemplo do Senhor continua a ser para nós um critério urgente de ação e serviço: partilhar o pão, para multiplicar a esperança, proclama o advento do Reino de Deus”, observou.

Leão XIV, que presidiu pela primeira vez à celebração do Corpo de Deus como bispo de Roma, assinalou que “a compaixão de Jesus pelos sofredores manifesta a amorosa proximidade de Deus”.

Justamente quando o Sol se põe e a fome aumenta, enquanto os próprios apóstolos pedem para despedir a multidão, Cristo surpreende-nos com a sua misericórdia. Ele tem compaixão do povo faminto e convida os seus discípulos a cuidar dele: a fome não é uma necessidade alheia ao anúncio do Reino e ao testemunho da salvação.”

Foto: Lusa/EPA

O Papa afirmou que com Jesus “há tudo o que é necessário para dar força e sentido” à vida.

“Ao salvar as multidões da fome, Jesus anuncia que salvará todos da morte. Este é o mistério da fé, que celebramos no sacramento da Eucaristia. Assim como a fome é sinal da nossa radical indigência de vida, assim também partir o pão é sinal do dom divino de salvação”, sustentou.

No final da Missa, teve lugar a Procissão Eucarística, percorrendo a Via Merulana, em Roma, até à Basílica de Santa Maria Maior.

“Juntos, pastores e rebanho, alimentamo-nos do Santíssimo Sacramento, adoramo-lo e levamo-lo pelas ruas. Ao fazê-lo, apresentamo-lo ao olhar, à consciência e ao coração das pessoas: ao coração de quem acredita, para que acredite mais firmemente; ao coração de quem não acredita, para que se interrogue sobre a fome que temos na alma e sobre o pão que a pode saciar”, explicou Leão XIV.

O Papa percorreu toda a procissão, a pé, até às escadas da Basílica papal de Santa Maria Maior, onde se ajoelhou em oração, diante do Santíssimo Sacramento, antes da oração final, perante milhares de pessoas, e da bênção.

OC

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