Francisco assinalou 50º aniversário do motu proprio «Ministeria quaedam» do Papa Paulo VI
Cidade do Vaticano, 24 ago 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirma que os 50 anos de ‘Ministeria quaedam’, que reformou as ordens menores e instituiu os ministérios laicais, “oferece” a oportunidade da Igreja “refletir novamente sobre o tema dos ministérios”, e quer começar um “diálogo” com as conferências episcopais.
“Acredito que partilhar as experiências dos últimos anos é útil, especialmente no clima do caminho sinodal. Podem oferecer indicações preciosas para chegar a uma visão harmoniosa da questão dos ministérios batismais e assim continuar nosso caminho”, explicou o Papa, na mensagem divulgada hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
Francisco anuncia que, nos próximos meses, em formas que vão ser definidas, “gostaria de iniciar um diálogo sobre o tema com as Conferências Episcopais”, para partilharem a “riqueza de experiências ministeriais” que a Igreja viveu nestes cinquenta anos, “tanto como ministérios instituídos (leitores, acólitos e, só recentemente, catequistas), como ministérios extraordinários”.
A mensagem de Francisco, pelo cinquentenário da Carta Apostólica na forma de “Motu Proprio” ‘Ministeria Quaedam’ (1972) de São Paulo VI, é dirigida aos bispos, presbíteros e diáconos, às pessoas consagradas e aos fiéis leigos, e tem data de 15 de agosto.
“No contexto fecundo, mas não isento de tensões, que se seguiu ao Concílio Vaticano II, este documento ofereceu à Igreja uma reflexão significativa que não teve apenas como resultado a renovação da disciplina sobre a primeira tonsura, ordens menores e subdiaconatos na Igreja latina – como declarado no título – mas ofereceu à Igreja uma perspetiva importante que teve a força de inspirar novos desenvolvimentos”, salienta.
Segundo Francisco, o objetivo é “ouvir a voz do Espírito e não deter o processo”, tendo cuidado para “não querer forçá-lo”, impondo escolhas que são o fruto de visões ideológicas.
Na mensagem lembra as suas duas Cartas Apostólicas, em forma de Motu Proprio, onde se refere ao tema dos ministérios instituídos: Respetivamente, ‘Spiritus Domini’, de 10 de janeiro de 2021, sobre o acesso das mulheres ao ministério de Leitorado e Acolitado, e ‘Antiquum ministerium’, de 10 de maio de 2021, que instituiu o ministério de Catequista.
“Essas duas intervenções não devem ser interpretadas como uma superação da doutrina anterior, mas como um desenvolvimento que se tornou possível porque se fundamenta nos mesmos princípios, coerentes com a reflexão do Concílio Vaticano II, que inspirou Paulo VI”, explicou.
Francisco assinalou que o Papa Paulo VI, aceitando os pedidos de “não poucos” Padres conciliares, há cinquenta anos “reconheceu às Conferências Episcopais” a possibilidade de pedir à Sé Apostólica a instituição de ministérios “considerados necessários ou muito úteis nas suas regiões”: “Até mesmo a oração de ordenação do bispo, na parte das intercessões, indica entre suas principais tarefas, a de organizar ministérios”.
Segundo o Papa, toda a estrutura ministerial que “nasce” de um discernimento – “comunitário atento, na escuta do que o Espírito sugere à Igreja, num lugar concreto e no momento atual de sua vida” – “é dinâmica, vivaz, flexível como a ação do Espírito”.
“A eclesiologia de comunhão, a sacramentalidade da Igreja, a complementaridade do sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial, a visibilidade litúrgica de cada ministério são os princípios doutrinais que, animados pela ação do Espírito, tornam a variedade de ministérios harmoniosa”, realçou o Papa Francisco.
A questão dos ministérios batizados aborda diversos aspetos que “certamente devem ser considerados” e é necessário “continuar aprofundando”: “A terminologia usada para indicar os ministérios, sua fundação doutrinal, os aspetos jurídicos, as distinções e relações entre os ministérios individuais, o seu valor vocacional, os percursos de formação, o evento principal que possibilita o exercício de um ministério, a dimensão litúrgica de cada ministério”.
CB