Igreja: Papa propõe «globalização da solidariedade» para lá de muros e fronteiras

Visita a Santo Egídio assinalou 50 anos da comunidade católica

 

 

 

 

 

 

Roma, 11 mar 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco defendeu hoje em Roma uma “globalização da solidariedade” que ultrapasse muros e fronteiras, numa visita à comunidade católica de Santo Egídio, que celebra 50 anos de existência.

Na sua segunda passagem pela Basílica de Santa Maria, no bairro de Trastevere, o pontífice apontou a uma “nova audácia para o Evangelho”, centrada nas periferias da sociedade, com atenção particular aos mais pobres.

“Ainda está para ser construída uma globalização da solidariedade e do espírito. O futuro do mundo global é viver juntos: este ideal requer o compromisso de construir pontes, manter aberto o diálogo, continuar a encontrar-se”, declarou, perante centenas de pessoas que o acolheram, apesar da forte chuva que caía na capital italiana.

Ao chegar ao local, Francisco gracejou com o mau tempo e agradeceu aos presentes, a quem pediu que vivam de “coração aberto”, sem distinção de pessoas.

O Papa elogiou a “generosidade” dos cerca de 60 mil membros da Comunidade de Santo Egídio, presente em vários países, incluindo Portugal.

Já na basílica, o pontífice explicou que a globalização é não é apenas uma questão política ou de organização, mas a mudança do coração, “assumindo um olhar misericordioso pelo outro, para torna-se construtor de paz e profeta de misericórdia”.

Santo Egídio, conhecida como a “pequena ONU católica”, distingue-se pelo seu trabalho em prol dos refugiados, pobres, idosos, jovens e do diálogo inter-religioso, além da mediação de conflitos.

Durante o encontro, intervieram quatro membros da comunidade, incluindo um refugiado sírio.

O Papa recordou o “talento” da comunidade sintetizado na “oração, pobres, paz”, as mesmas palavras usadas na visita em 15 de junho de 2014.

A intervenção alertou para um mundo “muitas vezes tomado pelo medo e também pela raiva”, medo que se concentra frequentemente em relação “a quem é estrangeiro, diferente, pobre, como se fosse um inimigo”.

“Continuai a abrir novos corredores humanitários para os refugiados da guerra e da fome. Os pobres são o vosso tesouro”, apelou aos presentes.

A 21 julho 2014, a Comunidade de Santo Egídio recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian 2014, pela sua ação em favor da paz no mundo e junto dos mais pobres, da fundação homónima.

A ONG católica tem reconhecimento da União Europeia e do estatuto ECOSOG por parte da ONU, pelo trabalho em prol dos direitos humanos e da paz, a nível internacional.

A Comunidade de Santo Egídio é também reconhecida pelo seu papel nas negociações que levaram à assinatura do Acordo Geral de Paz entre Frelimo e Renamo, em Roma, a 4 outubro de 1992, após 16 anos de guerra civil em Moçambique.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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