Movimento Comunhão e Libertação assinala 60 anos de existência
Cidade do Vaticano, 07 mar 2015 (Ecclesia) – O Papa afirmou hoje que todos os carismas de movimentos da Igreja devem ser "descentralizados" de si, mantendo-se focados em "Cristo" para "ir ao encontro dos que estão distantes, nas periferias".
"Quando coloco no centro o meu método, o meu caminho espiritual e o meu modo de atuar, eu saio da estrada. Toda a espiritualidade, todos os carismas da Igreja devem ser decentralizados, deixando espaço para o único centro, que é o Senhor”, disse esta manhã o Papa Francisco a uma audiência de mais de 80 mil pessoas do movimento Comunhão e Libertação (CL), que se reuniram na Praça de São Pedro para assinalar os 60 anos do movimento e o décimo aniversário da morte do fundador, o padre Luigi Giussani.
De acordo com o Papa os leigos serão "os braços, as mãos, os pés, a mente e o coração de uma Igreja «em saída», que deve ir ao encontro dos que estão distantes, nas periferias".
"A Igreja deve servir Jesus nas pessoas marginalizadas, abandonadas, sem fé, decepcionadas com a Igreja, prisioneira do próprio egoísmo. Sair significa ainda ‘rejeitar a autorreferencialidade’ em todas as suas formas; saber ouvir e aprender de todos, com sinceridade humilde”, traduziu Francisco.
Nascido em Itália, em 1954, o CL "não perdeu a sua frescura e vitalidade", no entanto o carisma não deve ser guardado ou "exposto numa moldura".
"(O carisma) consiste na fidelidade à tradição, que «significa manter vivo o fogo» e não ser adoradores de cinzas ou guias de museus. Mantenham vivo o fogo da memória daquele «primeiro encontro» e vocês serão livres".
Os membros do CL, provenientes de 47 países, ouviram o Papa Francisco recordar a inspiração que o padre Luigi Giussani foi na sua vida sacerdotal, através dos livros e do pensamento.
"Através da leitura dos seus livros e dos seus artigos, este homem fez um bem à minha vida; por outro lado, o seu pensamento, profundamente humano, que atinge os anseios mais profundos do homem. Sabemos o quão importante era a experiência do «encontro» para o padre Giussani. Não era encontro com uma ideia, mas com uma Pessoa: Jesus Cristo”.
A experiência do encontro "educa à liberdade", conferida "por Cristo que dá a verdadeira liberdade", sublinha o Papa.
A dinâmica dessa ligação provoca "assombro e adesão à sua misericórdia", sendo essa a experiência que a Igreja deve oferecer.
"Deixar que a grande misericórdia de Deus se manifeste em nós e, por conseguinte, também nos outros. Assim, a Igreja sai do seu recinto e vai à procura daqueles irmãos que estão nas periferias da existência".
RV/LS