Igreja: Papa Francisco defendeu aposta nas «periferias» em reunião de cardeais que antecedeu o Conclave

Intervenção de Jorge Mario Bergoglio foi tornada pública por cardeal cubano

Lisboa, 26 mar 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco defendeu antes do Conclave que o elegeu a necessidade de a Igreja Católica “sair de si mesma” e ir ao encontro das “periferias” geográficas e humanas do mundo de hoje.

A posição é apresentada num documento tornado público pelo cardeal cubana Jaime Ortega, arcebispo de Havana, que pediu a Jorge Mario Bergoglio que lhe entregasse o texto da sua intervenção numa das reuniões gerais de cardeais no pré-Conclave.

“A Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não só geográficas, mas também existenciais: as periferias do mistério do pecado, da dor, da injustiça, da ignorância e desprezo relativamente à religião, do pensamento e de toda a miséria”, refere o manuscrito do agora Papa, que autorizou a sua publicação.

O texto, divulgado no site da Igreja Católica em Cuba, refere que “se a Igreja não sair de si mesma para evangelizar torna-se autorreferencial” e “adoece”.

“Os males que, ao longo do tempo, se verificam nas instituições eclesiais têm raiz na autorreferencialidade, uma espécie de narcisismo teológico”, alertou o então arcebispo de Buenos Aires, primeiro Papa do continente americano na história da Igreja Católica.

Francisco criticava uma “Igreja mundana que vive em si, de si e para si”, ideia que viria a retomar na missa do final do Conclave, perante os cardeais que o elegeram.

O novo Papa esperava que o escolhido nessa reunião eleitoral ajudasse a Igreja “a sair de si para as periferias existenciais”.

O documento critica as ocasiões em que a Igreja “não deixa sair Jesus” e se deixa afetar por esse mal tão grave que é a mundanidade espiritual”, acreditando que tem uma “luz própria” em vez de a receber de Jesus.

OC

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Agência ECCLESIA

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