Igreja: Papa defende posições tomadas em matéria social face a críticos

Francisco antecipa preocupações que leva aos Estados Unidos da América em conferência de imprensa

Lisboa, 22 set 2015 (Ecclesia) – O Papa defendeu hoje as posições que tem vindo a tomar em questões políticas e económicas, face às críticas que tem recebido, afirmando que repete a “Doutrina Social da Igreja”.

Francisco falou aos jornalistas que o acompanharam no voo entre Santiago de Cuba e Washington D.C., nos Estados Unidos da América (EUA), tendo mesmo brincado com quem pergunta se o Papa é “católico”.

“Se for preciso, recito o Credo”, disse, após ter sido questionado sobre as acusações de “comunista” e mesmo de “antipapa”.

O Papa explicou que não espera que a Igreja o siga, porque o que acontece é precisamente o contrário: “Sou eu a seguir a Igreja e quanto a isso penso que não me engano”.

“Talvez alguma coisa tenha dado a impressão que sou pouco mais de esquerda, mas é um erro de interpretação”, sustentou.

Francisco antecipou algumas das preocupações que leva aos EUA, mas negou que vá apresentar ao Congresso norte-americano qualquer pedido direto relativamente ao embargo económico a Cuba.

“Espero que se chegue a um acordo que satisfaça as partes. Em relação à posição da Santa Sé sobre os embargos, os Papa anteriores falaram disso, não só deste caso, fala a Doutrina Social da Igreja”, explicou.

“Não vou falar ao Congresso de forma específica deste tema, mas vou abordar de forma geral os acordos como sinal de progresso na convivência”, acrescentou.

Em relação à viagem a Cuba, o Papa explicou que não iria receber ninguém em audiência privada, fossem dissidentes ou outros chefes de Estado [a presidente da Argentina participou na Missa em Havana, ndr].

“A Igreja cubana trabalhou para elaborar uma lista de presos aos quais conceder indulto e foi concedido a mais de três mil”, lembrou.

Francisco explicou que houve vários telefonemas a grupos de dissidentes, convidando-os para cumprimentarem o Papa à entrada da catedral de Havana, e disse desconhecer se houve detenções.

Já com Fidel Castro falou de um antigo professor jesuíta do antigo presidente cubano e da encíclica ‘Laudato si’, sobre o ambiente.

“Foi um encontro não tão formal, mas espontâneo: estava lá a sua família, estavam também os que me acompanhavam, o meu motorista, mas estávamos algo distantes, eles não nos podiam ouvir”, assinalou.

O Papa admitiu que a sua ideia original era entrar nos EUA pelo México, através da fronteira de Ciudad Juárez, mas depois foi anunciado o “degelo” das relações diplomáticas e acabou por escolher Cuba.

O pontífice argentino rejeitou ter sido menos duro com o sistema comunista do que com o capitalismo “selvagem”.

“Em Cuba, a viagem foi muito pastoral, com a comunidade católica, com os cristãos e também as pessoas de boa vontade. As minhas intervenções foram homilias”, observou.

Francisco disse ter querido deixar um “discurso de esperança, de encorajamento ao diálogo”, uma “linguagem mais pastoral”.

OC

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Agência ECCLESIA

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