Igreja/Pandemia: Estudo identifica «necessidade de comunidade em rede» e plataformas de partilhas das iniciativas

«Mapeamento de Necessidade, Recursos Existentes e Boas Práticas na Pastoral para a Formação Espiritual de Jovens na Era Digital» foi realizado em Portugal, após o primeiro confinamento

Lisboa, 13 mar 2021 (Ecclesia) – As investigadoras Camila Arêas e Helena Cruz Ventura, autoras de um estudo sobre as iniciativas digitais da Igreja Católica em Portugal, afirmam que há a necessidade de uma “comunidade em rede”, uma plataforma que congregue as várias propostas que existem.

“Uma das grandes conclusões foi que muita coisa estava a acontecer, muita coisa foi criada, mas havia muita falta de interação, de comunicação, e os próprios participantes estavam sedentos dessa comunicação e da troca de experiências”, explicou à Agência ECCLESIA a professora Camila Arêas, do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (CECC) da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) determinou pela primeira vez, a 13 de março de 2020, a suspensão da celebração comunitária das Missas por causa da pandemia, antes da proclamação do estado de emergência por parte das autoridades nacionais.

A coordenadora nacional do ‘Mapeamento de Necessidade, Recursos Existentes e Boas Práticas na Pastoral para a Formação Espiritual de Jovens na Era Digital (Portugal e Espanha)’, feito após o primeiro confinamento por causa da pandemia, salientou que a necessidade de uma “plataforma de boas práticas foi uma ideia forte” dos inquéritos levados a cabo.

A ideia seria criar “um espaço que possa reunir as diversas iniciativas em Portugal e que funciona como espaço de comunicação, interação entre os diversos movimentos, grupos, dioceses, paroquias”.

Helena Cruz Ventura assinalou que há a “necessidade de uma comunidade em rede, necessidade de coesão” diocesana e nacional, o que ajudaria a menor “dispersão”, na opinião dos participantes do estudo.

A investigadora observa que “se a comunicação não existe, acaba por dificultar as iniciativas” e uma plataforma nacional, com a “informação atualizada, coesa e com sentido de comunidade em rede” seria uma solução para esse problema.

A entrevistada indicou também que a linguagem da comunicação católica “precisa de ter em conta os seus contextos”, e disparidades como “norte e sul, zonas rurais e zonas urbanas, educação”.

“É muito importante para a captação dos jovens que falam na dificuldade no entendimento da mensagem”, indicou.

As investigadoras fizeram um ‘top 10’ das iniciativas de agregação de jovens e de evangelização e destacam o CUPAV, a Missão País, o Corpo Nacional de Escutas (CNE), a aplicação ‘Passo a Rezar’, os Salesianos, o movimento Equipas de Jovens de Nossa Senhora, o ‘Youth Festival’ da Ação Católica Rural, o campo de férias SAIREF, o projeto ‘Catequese em nossa casa’ e o festival diocesano da canção jovem da Guarda.

Helena Cruz Ventura assinala que, por causa do confinamento, houve sobretudo a “migração” do que era feito presencialmente para o digital, sublinhando a “necessidade de adaptação”.

Camila Arêas refere, por sua vez, que houve também novas criações e a internet funcionou como “plataforma de mais visibilidade” para movimentos, grupos, paróquias, face ao que acontecia antes.

“Percebemos que apesar de ser uma situação muito difícil, quase foi uma oportunidade de poderem entender as potencialidades do online para a Igreja católica em Portugal”, acrescentou Helena Cruz Ventura, que refere que

Neste momento, o Centro de Estudos de Comunicação e Cultura está a terminar um projeto sobre a liderança em contexto da Igreja Católica, também em Portugal e Espanha, e Helena Cruz Ventura adianta que “há muita necessidade de dar espaço às lideranças jovens”.

CB/OC

 

O ‘Mapeamento de Necessidade, Recursos Existentes e Boas Práticas na Pastoral para a Formação Espiritual de Jovens na Era Digital (Portugal e Espanha)’ foi uma iniciativa da Porticus Iberia.

O Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da UCP realizou o estudo em Portugal continental e ilhas, com a participação de movimentos, congregações e dioceses: Beja, Braga, Évora, Funchal, Lisboa, Santarém, e o Observatorio Blanquerna de Comunicación, Religión y Cultura, da Universidade Ramon Llull (Barcelona), em Espanha.

O grupo do CECC realizou o estudo em quatro momentos: um “rastreio web” de iniciativas de evangelização de jovens na Igreja Católica, mapeando “317 iniciativas de 175 fontes diferentes”; entrevistas a 15 representantes de organizações; dinâmica de grupo, que juntou 10 pessoas, entre representantes e participantes; inquérito com 26 organizações e 70 participantes de iniciativas, entre 16 e os 23 anos.

 

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Agência ECCLESIA

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