Igreja: Padre Peter Stilwell recorda «experiência única» de estar com Madre Teresa de Calcutá

Reitor da Universidade Católica de São José foi tradutor e viajou com a futura santa em Portugal

Lisboa, 30 ago 2015 (Ecclesia) – O padre Peter Stilwell, reitor da Universidade Católica de São José, em Macau, recordou a “experiência única” de estar próximo da Madre Teresa de Calcutá, de quem recorda o “sentido prático muito grande” aliado a uma “grande espiritualidade”.

À Agência ECCLESIA, o sacerdote que fez de tradutor e acompanhou a futura santa ao Santuário de Fátima, que visitou por indicação do Papa São João Paulo II, assinala que o sentido prático da religiosa “às vezes foi contestado”.

“Ela considerava que que estar com os pobres era um prolongamento da contemplação, era contemplar Cristo com quem Ele sofria”, referiu na entrevista realizada no âmbito da canonização de Madre Teresa, que vai ser presidida pelo Papa Francisco este domingo, no Vaticano, uma celebração inserida no Jubileu da Misericórdia.

Madre Teresa de Calcutá esteve em Portugal em 1982 e 1987, para visitar as fraternidades das Irmãs Missionárias da Caridade, nas dioceses de Lisboa e Setúbal.

O padre Peter Stilwell conheceu a religiosa quando estudou em Roma e, uma vez por semana, ia ajudar as religiosas a “acolher” quem viva “debaixo das pontes e nos cantos” da capital italiana.

Para a Madre Teresa, refere, a vocação das Missionárias da Caridade “era simplesmente estar com os mais pobres” e acompanhá-los, competia-lhes que eles sobrevivessem e não ajudá-los a “resolver os problemas da sua vida”, serviço que outros iriam realizar.

O reitor da Universidade Católica de São José refere que a vocação de Teresa de Calcutá e a sua congregação indicam que a atenção das pessoas deve dirigir-se para os mais pobres, porque é onde “está a humanidade”.

“Quando essa condição nos toca elas devolvem-nos a nossa humanidade, abrem no nosso coração este sentido de solidariedade. Este sentido de cuidado com os outros é sinal realmente do que é isso de ser-se imagem e semelhança de Deus, ser-se manifestação dessa misericórdia de Deus no mundo”, desenvolveu.

Outra crítica feita a Ganxhe Bojaxhiu (nome de batismo de madre Teresa) era o facto de também percorrer “os meios da classe média, média-alta e da aristocracia”.

O padre Peter Stilwell relembrou que a religiosa foi freira num colégio privado para pessoas da burguesia, na Índia, onde, “certamente, ganhou consciência” de que era preciso despertar “na inteligência, no entendimento” de pessoas que tinham a sua vida segura do ponto de vista financeiro e económico que havia quem precisava.

Neste contexto, o sacerdote observou ainda que Madre Teresa de Calcutá gerou um movimento de voluntariado com “muitas pessoas de famílias abastadas” e que as Missionárias da Caridade, há 10 anos, “eram, talvez, a congregação feminina com mais vocações no mundo” com pessoas “sensibilizadas pela mensagem de radicalidade de entrega aos mais pobres e de pobreza”.

A futura santa, vencedora do prémio Nobel da Paz (17 de outubro de 1979), faleceu em 1997 e foi beatificada por João Paulo II em 2003.

A cerimónia de canonização de Madre Teresa de Calcutá vai ter lugar a 4 de setembro, na praça de São Pedro, a partir das 10h30 (menos uma em Lisboa).

A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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