Jejum, Penitência e Oração são palavras difíceis que a proposta pastoral no Externato Frei Luís de Sousa procura explicar
Lisboa, 30 Lisboa, 30 mar 2019 (Ecclesia) – Alguns alunos entram na igreja a correr, de camisolas azul-turquesa procuram juntar-se lado a lado com os amigos para nos bancos corridos continuarem a brincadeira antes do início da Missa, no Externato Frei Luís de Sousa, em Almada.
O padre Rui Gouveia, capelão no estabelecimento de ensino, pede silêncio antes de começar a Eucaristia: veste de roxo e o futuro futebolista João sabe porquê.
“São os 40 dias para preparar a Páscoa”, diz timidamente à Agência ECCLESIA, atrás da secretária da sala de aula, depois da celebração da eucaristia.
A Francisca, futura dentista, o Pedro, que será professor, e a tímida Constança, que um dia saberá que profissão escolher, juntam-se ao coro para dizer que estamos a viver o tempo da Quaresma, a caminho da Páscoa.
São crianças de sete anos, a frequentar o 2.º ano de escolaridade, que conversam com a Ecclesia, uns mais tímidos outros mais sabedores, sabem que este é um tempo importante, mesmo que as suas palavras não consigam explicar tudo.
Jejum, penitência, solidariedade são conceitos, mas mais importante que as palavras, são os gestos.
“Não falamos em jejum, mas em «deixar de fazer»”, explica a professora de Educação Moral e Religiosa Católica, Ana Cristina Silva (EMRC), também responsável pela pastoral do Externato Frei luís de Sousa, em Almada, na diocese de Setúbal.
O Pedro, atrás dos seus óculos azuis, diz que foi batizado em pequenino; a Francisca guarda bem a data do seu batismo: 29 de dezembro de 2018; as práticas sacramentais são distintas entre cerca de 600 alunos numa escola aberta a toda a comunidade.
“Nós trabalhamos através de sinais. Por exemplo, na Quaresma, vamos ter, para todo o colégio, uma Via-sacra, onde juntamos os mais pequenos, que trabalham através das imagens e das pinturas, da construção de placard, para se explicar que este é um percurso de amor que Jesus faz”, explica Ana Cristina Silva.
A escola propõe, no início de cada semana, o chamado ‘Momento de Dentro’.
“É um momento de espiritualidade e reflexão a que todos os alunos são convidados a olhar para si e para a relação com os outros e com Deus”.
Rezar “é ver por dentro e falar com Jesus”, explica a Francisca; “quando eu rezo Jesus vem ao meu coração”, diz o Pedro; rezar “é falar com Jesus”, acrescenta o João que sabe que ele o ajuda “com os trabalhos da escola”.
“Eu costumo ir à Missa com a minha avó”, confirma a Constança; também o João gosta de participar na eucaristia e dos cânticos que lá ouve.
Na Eucaristica, o padre Rui Gouveia vai explicando o que é o serviço, o que é a Quaresma, o sentido das leituras, sempre de forma dialogada.
Aos poucos, as crianças vão fazendo caminho, colocando questões, à sua medida, e encontrando respostas numa linguagem simples.
“Há que explicar que sim, a crucificação foi um momento difícil mas nós sabemos que Jesus não ficou na cruz. E explicamos o grande gesto de amor de Jesus, não ficando centrado nos momentos de sofrimento, mostrando que foi para um bem maior”, explica a professora Ana Cristina Silva.
A responsável dá conta do caminho que faz com os “miúdos que vão ganhando gosto por participar nestas iniciativas, que vão ganhando gosto por ir à missa, e mostrando vontade de serem batizados, dando esse passo junto dos pais”.
“É um caminho que se vai fazendo e colhendo os frutos. É uma bênção”, observa.
A reportagem no Externato Frei Luís de Sousa pode ser escutada no programa Ecclesia este domingo, na Antena 1 da rádio pública, pelas 06h00.
LS