Igreja: «Caminho sinodal exige uma conversão espiritual», reafirmou o Papa, em encontro no Vaticano

«O meu desejo é que, depois deste Sínodo, a sinodalidade permaneça como um modo permanente de agir na Igreja», realçou Francisco

Foto: Vatican News

Cidade do Vaticano, 13 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou que “o caminho sinodal exige uma conversão espiritual” no Encontro anual com os Moderadores das associações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades, promovido pela Santa Sé, esta quinta-feira, 13 de junho, no Vaticano.

“O meu desejo é que, depois deste Sínodo, a sinodalidade permaneça como um modo permanente de agir na Igreja, a todos os níveis, entrando no coração de todos, pastores e fiéis, até se tornar um ‘estilo eclesial’ partilhado. Tudo isto, porém, exige uma mudança que deve acontecer em cada um de nós, uma verdadeira ‘conversão’”, disse o Papa, no discurso, na Sala Nova do Sínodo.

Francisco realçou que tem dito “repetidamente” que “o caminho sinodal exige uma conversão espiritual”, porque sem uma mudança interior “não há resultados duradouros”, observando que “o caminho é longo”, a primeira pessoa que “viu a necessidade da sinodalidade” foi São Paulo VI, quando criou a Secretaria para o Sínodo dos Bispos.

“E hoje, quase 60 anos depois, podemos dizer que a sinodalidade entrou no caminho da Igreja. O mais importante deste Sínodo sobre a sinodalidade não é tanto tratar desta ou daquela questão. O mais importante é o caminho paroquial, diocesano e universal na sinodalidade”, referiu o Papa, no discurso publicado pela Sala de Imprensa.

O Encontro anual com os Moderadores das associações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades, promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (DLFV), tem como tema ‘O desafio da sinodalidade para a missão’, e o objetivo de “destacar alguns exemplos de estruturas e práticas sinodais já experimentadas em associações e movimentos que podem servir de exemplo e estímulo para toda a Igreja”.

O Papa, no seu discurso, indicou “algumas atitudes, ‘virtudes sinodais’”, na perspetiva da conversão espiritual, a que se podem deduzir dos três anúncios da Paixão no Evangelho de Marcos (cf. 8,31; 9,31; 10,32-34): “Pensar segundo Deus; vencer todo o fechamento; cultivar a humildade”.

Foto: Vatican News

“A primeira grande mudança interior que nos é pedida: passar do ‘pensar apenas humanamente’ para o ‘pensar em Deus’. Na Igreja, antes de tomar qualquer decisão, antes de iniciar qualquer programa, qualquer apostolado, qualquer missão, devemos sempre perguntar-nos: o que é que Deus quer de mim, o que é que Deus quer de nós, neste momento, nesta situação?”, explicou.

O segundo ponto, “superar todo o fechamento”, pediu “cuidado” com a tentação do “círculo fechado”, porque a sinodalidade pede que olhem “para além das cercas com grandeza de espírito”, que vejam a presença de Deus e a sua ação mesmo em pessoas que não conhecem, “em novas modalidades pastorais, em áreas de missão nas quais nunca tinham empenhado”.

Por último, Francisco pediu para cultivarem a “humildade”, e lembrou que depois do terceiro anúncio da Paixão, “Tiago e João pedem lugares de honra ao lado de Jesus”, que, na resposta, explicou que “a verdadeira grandeza não está em ser servido, mas em servir, em ser servo de todos”.

“Compreendemos aqui que a conversão espiritual deve partir da humildade, que é a porta de entrada para todas as virtudes. Fico triste quando vejo cristãos a vangloriarem-se: porque sou padre daqui, ou porque sou leigo dali, porque pertenço a esta instituição… Isto é mau. A humildade é a porta, é o princípio”, desenvolveu, realçando que “os humildes realizam grandes coisas na Igreja, porque aquele que é humilde tem uma base sólida, fundada no amor de Deus”.

“Viver a sinodalidade, a todos os níveis, é de facto impossível sem humildade”, acrescentou o Papa, indicando que os “movimentos eclesiais são para o serviço”, para servir a Igreja, “não são em si mesmos uma mensagem, uma centralidade eclesial”.

CB

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Agência ECCLESIA

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