Ajuda à Igreja que Sofre contabilizou 122 casos que afetaram sacerdotes e religiosos, incluindo 13 assassinatos, 38 raptos e 71 detenções
Lisboa, 16 jan 2025 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) anunciou que o número de sacerdotes e religiosos raptados aumentou em 2024 face ao ano anterior.
“Enquanto no ano anterior foram raptadas 33 pessoas, em 2024 um total de 38 membros do clero, religiosos e religiosas foram raptados por criminosos”, informa a fundação pontifícia, de acordo com os dados recolhidos.
No total, a AIS registou 122 casos que afetaram sacerdotes e religiosos, incluindo 13 assassinatos, 38 raptos e 71 detenções.
O Haiti lidera lista de raptos, com um colapso geral da segurança nacional a levar ao rapto de 18 padres e religiosos em 2024, em comparação com apenas dois em 2023.
Apesar de continuar a ser um dos países mais perigosos para os padres ou religiosos, a situação melhorou visivelmente, com 12 raptos registados em 2024, um número inferior ao de 2023.
A Fundação AIS adianta que “todas as vítimas de raptos nestes dois países acabaram por ser libertadas”.
Os Camarões contabilizaram três padres raptados durante o ano, tendo sido todos libertados, e São Paulo, no Brasil, registou também um rapto de um pároco por criminosos, que o assaltaram e detiveram durante alguns dias, antes de ser resgatado pela polícia.
O Bispo Salvador Rangel Mendoza, do México, também foi raptado e depois abandonado pelos criminosos num hospital, onde ficou a recuperar.
Na República Democrática do Congo, militares raptaram um jovem seminarista, que foi libertado nessa mesma noite, após fortes protestos das autoridades eclesiásticas; o coronel responsável pelo seu rapto foi expulso das forças armadas e condenado a 20 anos de prisão.
A FAIS registou dois casos de rapto de religiosas: uma na Colômbia, assaltada e agredida sexualmente, tendo sobrevivido ao ataque, e outra, no Maláui, abusada física e verbalmente antes de ser libertada.
A fundação pontifícia divulga ainda que foram assassinados 13 padres em 2024.
“Nos EUA, o padre Robert Hoeffner foi morto em casa, juntamente com a irmã, por um jovem que roubou o seu automóvel e depois matou o avô e um polícia, e o padre Larry Johnson que morreu às mãos de um homem que afirmou ter sofrido um ataque psicótico, ouvindo vozes que lhe diziam para matar o padre a fim de ‘salvar a humanidade’”, indica a nota enviada à Agência ECCLESIA. A África do Sul foi o palco de dois assassinatos, no intervalo de pouco mais de um mês. As vítimas são o padre William Banda, originário da Zâmbia, que foi morto por um homem que o esperava na sua igreja e que depois o acompanhou até à sacristia e o matou, e o Padre Paul Tatu Mothobi foi morto depois de ter testemunhado um assassínio Segundo a AIS, Espanha também contabilizou o assassinato de um padre em 2024, às mãos de um homem que entrou no mosteiro e gritou que queria matar todos os padres, tendo ferido vários antes de fugir do local. Na Polónia, o padre Lech Lachowicz foi brutalmente espancado por um homem que se dirigiu ao presbitério, morrendo mais tarde no hospital devido aos ferimentos. O padre Christophe Badjogou Komla, originário do Togo, mas a dar assistência nos Camarões, foi alvejado numa tentativa de assalto, e o Padre Fabián Enrique Arcos Sevilla, do Equador, foi encontrado morto com sinais de extrema violência, perto de um contentor do lixo, em circunstâncias que ainda não foram esclarecidas. Na Colômbia, o padre Ramón Arturo Montejo Peinado foi brutalmente assassinado durante uma tentativa de roubo do seu carro, enquanto no México, país que tem assistido a um elevado número de sacerdotes assassinados nos últimos anos, o padre Marcelo Pérez foi morto por supostos membros de gangues naquela que parece ter sido uma tentativa de silenciar o seu ativismo pelos direitos dos povos indígenas. “O Padre Josiah K’Okal, originário do Quénia, dava assistência na Venezuela, onde foi encontrado morto. Embora oficialmente tenha sido considerado suicídio, os seus amigos e colegas acreditam que foi vítima de homicídio, devido às suas atividades em defesa das populações indígenas locais contra grupos criminosos”, destaca a fundação pontifícia. Do Sudão do Sul, o padre Luke Yugue, foi morto no âmbito de um conflito intertribal, quando tentava mediar entre as partes e, no final do ano, o padre Tobias Onkonkwo, da Nigéria, foi morto a tiro por desconhecidos quando conduzia numa via rápida. |
A AIS revela que em “2024, foram detidos menos membros do clero e religiosos católicos do que em 2023, mas os números continuam a ser muito preocupantes e apontam para problemas graves em matéria de liberdade religiosa e para a falta de segurança jurídica e de resposta em muitas regiões do mundo”.
Pelo menos 71 membros do clero e religiosos foram detidos devido à sua fé ou pelo simples facto de cumprirem a sua missão religiosa durante o ano de 2024, um número que inclui os que foram detidos antes de 2024, mas que ainda se encontravam detidos em algum momento de 2024.
No momento da redação deste relatório, 10 continuavam sob alguma forma de detenção, escreve a AIS.
LJ/OC