Igreja: Novo itinerário para a catequese procura responder a «nova geração de crianças, adolescentes e jovens» providenciando «a melhor iniciação cristã»

D. António Augusto Azevedo assinala que proposta está a registar uma «adesão extraordinária»

Foto: Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Ferragudo, 04 abr 2024 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé afirmou, no Centro Pastoral da Diocese do Algarve, que as famílias, os cristãos, bispos e clero já ansiavam uma proposta de itinerário catequético que “correspondesse mais aos desafios de hoje”.

“O objetivo acima de tudo é que a nova geração de crianças, adolescentes e jovens tenha as melhores condições, nós os ajudemos, os acompanhemos para ter a melhor iniciação cristã. Julgo que esse objetivo vale tudo, vale o melhor dos nossos esforços e tem havido muito boa adesão a esta proposta”, referiu esta quarta-feira D. António Augusto Azevedo, em entrevista à Agência ECCLESIA, no 61º Encontro Nacional de Catequese (ENC).

O bispo de Vila Real assinala que o novo ‘Itinerário da Iniciação à Vida Cristã’, aprovado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em 2022, está a ser “muito bem acolhido, com muito entusiasmo” e uma “adesão extraordinária, a começar pelos catequistas”.

Têm sido feitas ações a nível nacional, também a nível de algumas dioceses, grande parte elas já as fez e, portanto, nota-se um bom acolhimento [do novo itinerário], boa adesão”

No que toca à adaptação do itinerário à atualidade, o padre Carlos Aquino, da Diocese do Algarve, considera que o “Evangelho é perene, mas o modo de dizer, de o anunciar deve ter sempre em conta também a realidade que se vive”.

Para o sacerdote, é necessário a adequação “às realidades dos tempos” e a nova proposta do itinerário constitui uma “mudança profundíssima, estrutural, pedagógica, metodológica”, que “é essencial neste momento fazer-se”.

“Se não tivermos alicerces e se os fundamentos não forem sólidos, depois isso vai-se ressentir mais tarde: recebem-se os sacramentos, mas não se fazem cristãos. Este é um problema gravíssimo, até do percurso catequético que temos. Temos um longo percurso formativo, mas não faz cristãos”, realça.

O sacerdote mostra-se “esperançoso” que o novo itinerário “possa ser um contributo motivador e fecundo também na renovação um bocadinho das consciências, das mentalidades e depois também da prática” da vida de cada um.

O Algarve foi o anfitrião do encontro e o bispo diocesano aproveitou para manifestar o reconhecimento à atual e anteriores comissões episcopais pelo trabalho “enorme” e “grandioso” para levar para a frente o serviço de catequese.

“Eu vejo que nós temos que, de facto, alargar este esforço. E, aqui na Diocese do Algarve, falo pela Diocese do Algarve que eu conheço, o secretariado diocesano da catequese tem promovido encontros a todos os níveis, em diferentes lugares da diocese, com os catequistas. Tem havido muita resposta também dos catequistas, muito envolvimento”, assinalou D. Manuel Quintas.

O diretor do Secretariado Diocesano da Catequese do Algarve, padre Pedro Duarte Manuel, diz olhar com “muita esperança e com muita confiança” para a implementação da nova proposta.

“Tive também a graça de poder acompanhar um pouco a forma como foi evoluindo e também a forma como a nível do secretariado nacional e os secretariados diocesanos fomos tentando implementar as diferentes indicações que iam surgindo, as diferentes propostas e estou muito animado, não só por mim, pelas minhas comunidades, mas pela minha diocese, porque vi da parte dos catequistas um esforço muito grande de acolherem a mudança”, assinalou o pároco de Boliqueime, Ferreiras e Paderne.

O 61º Encontro Nacional de Catequese contou com a participação de representantes das dioceses de todo o país, nomeadamente da responsável do Secretariado da Catequese de Lamego, Adelaide Melo, que assinalou a importância da iniciativa para a partilha de experiências, uma vez que cada diocese tem a sua realidade.

Nós, tal e qual como a diocese da Guarda, de Vila Real, de Bragança, somos dioceses mais do interior, mais rurais, e temos que também aprender muito com a experiência dos outros. E, sobretudo, o caminho que estamos a fazer, se calhar as dioceses do litoral já o fizeram, e estes encontros nacionais servem para que também possamos ver o caminho que eles já fizeram e nós aprendermos com eles, aprender sobretudo com o que queremos fazer, mas também com o que não queremos fazer. Com o que muitos à nossa frente fizeram, o que não correu tão bem”

Deste encontro, a responsável do Secretariado da Catequese de Lamego conta levar para o território sobretudo “metodologias” e “motivação nova”.

Foto: Educris

“Porque se cada um ficar na sua diocese e se não partilharmos o que fazemos, a alegria que trazemos dentro de nós, deste Cristo ressuscitado, se calhar acabamos por ficar fechados na nossa diocese, e não é isso que queremos”, frisou.

A coordenadora do Departamento Nacional da Catequese, irmã Arminda Faustino, assinala a “graça” de este ano o Encontro Nacional de Catequese ter todos os secretariados das dioceses presentes: “As realidades são muito díspares, as dioceses do interior, menos povoadas, o Sul, as ilhas, as grandes cidades, mas com muita riqueza, todos com muita riqueza para partilhar”.

“Todos temos ir entrando e fazendo o caminho, como nas famílias, desde os pequeninos que vão chegando aos mais idosos, que já têm uma longa etapa vencida, muita experiência acumulada também e que têm a sua sabedoria para partilhar e que não podemos descurar, temos que considerar tudo isso”, referiu.

O Encontro Nacional de Catequese reuniu, de 2 a 4 de abril, 88 participantes, no Algarve, com a realização de conferências, momentos de oração e trabalhos de grupo, com foco no tema “Identidade e Ministério do Catequista: Desafios Pastorais”.

LJ/PR

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Agência ECCLESIA

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