Colaboradora do Papa sustenta que valorização das mulheres em cargos de responsabilidade «não é uma questão de poder», mas de «serviço»
Lisboa, 09 jan 2024 (Ecclesia) – A irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), disse que a inédita nomeação de uma religiosa como prefeita de um Dicastério é um “sinal” para toda a Igreja.
“Gostaria de sublinhar que não é uma questão de poder, é antes de mais uma questão de serviço e é uma questão de ajuda à evangelização, porque o trabalho da Cúria Romana é para a evangelização, o trabalho das dioceses e de toda a Igreja é para a evangelização, e não se pode evangelizar hoje corretamente tendo apenas um olhar masculino”, referiu a colaboradora do Papa, em declarações à Agência ECCLESIA.
Na última segunda-feira, Francisco nomeou a irmã Simona Brambilla, das Missionárias da Consolata, como nova prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
A religiosa torna-se assim a primeira mulher a liderar um organismo da Cúria Romana.
Para a irmã Alessandra Smerilli, o trabalho da Igreja exige hoje “uma complementaridade, uma reciprocidade de olhares para ver melhor a realidade e poder levar-lhe a palavra de Jesus”.
“Não se trata de reivindicar poder, mas de dizer que não é possível evangelizar, levar a Boa Nova, se homens e mulheres não trabalharem juntos”, insiste.
A secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sublinha que o Papa começou um processo, na Cúria Romana, “valorizando muitas mulheres, dando-lhes também cargos importantes”.
“Isto quer ser um exemplo para todos”, realça.
A responsável está em Lisboa a convite da UCP, tendo inaugurado esta manhã a conferência ‘Integral Human Development: Pathways to the Common Good’ (Desenvolvimento Humano Integral: Caminhos para o Bem Comum) organizada pela Católica Doctoral School (CADOS).
A irmã Alessandra Smerilli relata que, no contacto com vários grupos diocesanos, tem recebido testemunhos de bispos que seguiram o “exemplo do Papa” e nomearam mulheres para “cargos importantes”.
Gostaria de sublinhar que não é uma questão de poder, é antes de mais uma questão de serviço e é uma questão de ajuda à evangelização, porque o trabalho da Cúria Romana é para a evangelização, o trabalho das dioceses e de toda a Igreja é para a evangelização e não se pode evangelizar hoje, corretamente, tendo apenas um olhar masculino”.
O portal de notícias do Vaticano sublinha que, desde o início do magistério de Francisco, a presença das mulheres “aumentou significativamente” nos organismos da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano: de 2013 a 2023, a percentagem subiu de 19,2 para 23,4 por cento.
A 19 de março de 2022, o Papa promulgou uma nova constituição para a Cúria Romana, os serviços centrais de governo da Igreja Católica, intitulada ‘Praedicate Evangelium’ (Pregai o Evangelho), que promoveu uma reforma interna com a ajuda do conselho consultivo de cardeais, criado pelo pontífice, representando os cinco continentes.
O documento abre a possibilidade de os Dicastérios serem presididos por mulheres e leigos, como acontece atualmente com o organismo dedicado à Comunicação, liderado pelo jornalista italiano Paolo Ruffini.
OC