Igreja no País Basco pede perdão por silêncio «injustificável»

Missa evocou 14 religiosos, 73 anos após o seu fuzilamento pelas tropas franquistas Cerca de 73 anos depois do fuzilamento de 14 religiosos nacionalistas bascos, por parte dos vencedores da Guerra Civil de Espanha, a catedral de Vitória, no País Basco, encheu-se este Sábado para uma missa em que foi pedido perdão pelo "injustificável silêncio" dos órgãos oficiais da Igreja pela sua morte.

Os religiosos foram executados em 1936-37 pelas tropas franquistas. Além de não terem recebido um funeral digno nem de se ter registado o falecimento da maioria nos livros paroquiais, o seu assassínio nunca tinha sido evocado pela Igreja Católica em Espanha.

A necessidade de homenagear os 12 padres diocesanos, um missionário claretiano e um carmelita descalço surgiu depois da beatificação, em Roma, de 498 mártires mortos pelos republicanos.

A missa, que ocorreu a 11 de Julho, foi concelebrada por seis bispos e mais de 200 padres das três províncias que formam aquela comunidade autónoma espanhola. Na eucaristia esteve presente o líder do Partido Nacionalista Basco, organização que tinha a simpatia dos sacerdotes executados, além de responsáveis de diversas instâncias políticas regionais.

"Hoje saldamos uma dívida", assinalou o bispo de Vitória, D. Miguel Asurmendi. "Este grande silêncio não foi só uma omissão indevida, mas também uma falta à verdade, contra a justiça e a caridade".

O bispo de Vitória referiu que o gesto não procura "reabrir feridas", mas ajudar a curá-las, contribuindo para a dignificação daqueles que foram esquecidos e excluídos. Por outro lado, pretende-se mitigar a dor das suas famílias e daqueles que lhes eram próximos. "A purificação da memória pede a todos um acto de valentia e humildade para reconhecer as faltas cometidas por aqueles que tiveram e têm o nome de cristãos", declarou, citando João Paulo II.

Depois da comunhão, o sobrinho de um dos presbíteros entoou alguns versos em basco, evocando os 14 religiosos.

À entrada da catedral, alguns membros da Ahaztuak, associação em favor da recuperação da memória histórica dos acontecimentos de 1936-37, concentraram-se para manifestar o seu apoio à decisão da Igreja; não entraram na sé porque ela mantém no seu interior alguns símbolos franquistas, como é o caso da escultura de uma águia imperial.

Além da celebração, o boletim oficial de cada diocese publicará uma resenha com a biografia dos 12 padres. E os seus nomes serão incluídos nos registos paroquiais dos sacerdotes falecidos.

(Com El País)

Legenda: Concelebração na catedral de Vitória, evocando os sacerdotes bascos assassinados em 1936 e 1937

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Agência ECCLESIA

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