Igreja: «Não há comunidade sem evangelização, não há Igreja sem comunidade e também não há inovação pastoral se a comunidade e todos juntos não fizermos esta sinergia» – D. António Luciano

Jornadas de formação uniu dioceses do centro, deixando indicações «muito» positivas, da participação aos temas em reflexão

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Fátima, 01 fev 2024 (Ecclesia) – Seis dioceses do centro de Portugal – Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e Viseu – encerraram hoje as primeiras Jornadas do Clero conjuntas, em que 260 participantes refletirem sobre ‘Evangelização e comunidades’.

“O encontro tem estado a ser muito positivo, desde toda a temática, todos os conjuntos de mesas redondas e ateliês; é uma grande novidade pelo impacto que tivemos de participantes, mais de 250, mas também por este trabalho e sentir em conjunto que todos queremos encontrar os melhores caminhos para servirmos o povo de Deus”, disse o bispo de Viseu, em declarações à Agência ECCLESIA, em Fátima.

D. António Luciano, coordenador da organização das jornadas e das iniciativas conjuntas das dioceses do centro, contextualizou que a realização de umas Jornadas do Clero interdiocesanas foi “pensada depois da pandemia”, no conjunto do “conceito de sinodalidade” e do trabalho que vão realizando, com a vontade de “reunir os presbitérios e os bispos para olhar para o mundo de hoje, para as Igrejas particulares”.

“Não há comunidade sem evangelização, não há Igreja sem comunidade e também não há inovação pastoral se a comunidade e todos juntos não fizermos esta sinergia que é uma atenção ao Espírito mas uma atenção também ao povo de Deus que nos desafia que os caminhos da Igreja hoje são novos; Queremos multiplicar a evangelização através de novas ferramentas, de novas formas, e da presença, que é muito importante na proximidade, na escuta, no diálogo que é o caminho sinodal”, desenvolveu o bispo de Viseu, em declarações no Centro Pastoral Paulo VI, do Santuário de Fátima.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

O vigário episcopal para a Pastoral da Diocese da Guarda espera que cada participante ganhe “um novo fulgor” e perceba que caminhos trilhar também “com a ajuda destas jornadas, que não são a solução, a salvação, a salvação é Cristo”.

“Estou consciente de que estes encontros para além de formativos em termos teológicos também são pastorais e espirituais, mas são alavancas que também nos dão entusiasmos e espero que ganhem esse entusiasmo”, acrescentou o padre Jorge Castela.

O sacerdote da Guarda, que também estava no secretariado das Jornadas do Clero, salienta que para além da união das dioceses “proporcionar aproveitamento de sinergias e, ao mesmo tempo, comunhão eclesial sem precedentes” na zona do centro, considera que ao verem que estão “a caminhar” juntos “dá mais entusiasmo para caminhar”.

“Juntando-nos as coisas têm outro estímulo e riqueza, mesmo de conteúdos, e a experiência está a ser interessante. Os desafios que se colocam às outras dioceses também se colocam a Portalegre-Castelo Branco”, disse o bispo desta diocese.

D. Antonino Dias observa que “a diocese mais extensa” das seis é também a que “tem menos população” e têm 61 sacerdotes, a resposta à questão pastoral “preocupa imenso”, mas, como dizia o Papa Francisco, a pastoral foi sempre difícil e hoje é diferente”.

“Temos a riqueza de os leigos cada vez se comprometerem com a dinâmica da pastoral, mas como fazer a pastoral é que é difícil”, acrescentou o bispo de Portalegre-Castelo Branco, em declarações no Centro Paulo VI.

Da Diocese de Coimbra, o padre Nuno Santos começa por salientar que “não há evangelização sem comunidades e também comunidades não evangelizadas, de algum modo, não são comunidades profundas” no sentido que pretendem.

“O tema foi muito bem escolhido, a abordagem tem tido momentos muito bem conseguidos, mas tem sido uma riqueza e uma oportunidade, mesmo quando se retomam temas reacendem em nós dinamismos e estas partilhas têm sido enriquecedoras”, comentou em declarações à Agência ECCLESIA.

O reitor do Seminário Maior diocesano e capelão da Universidade de Coimbra destacou, para a sua missão, alguns pontos da formação, como o “reforço e insistência de uma relação muito pessoal, das pessoas na comunidade”, criar relações vitais, profundas, e que “sejam capazes de retomar o espírito das primeiras comunidades cristãs”, para além da comunidade como “lugar de construção”.

“A evangelização pensar muito no contexto, o contexto cultural, o contexto das comunidades, da cultura que não é pertença da comunidade, mas que a comunidade toca todos os dias, a cultura que segue caminhos que, às vezes, achamos que não são os melhores mas como tocá-los”, desenvolveu, observando que a perceção de que os cristãos “que são comprometidos ela sempre foi na prática foi um grupo minoritário, em qualquer tempo”.

 

Foto: Agência ECCLESIA/CB

As Jornadas do Clero das Dioceses do Centro de Portugal reúnem, para além dos bispos, padres e diáconos, alguns seminaristas em final de formação, como Rafael Oliveira, da Diocese de Aveiro, que destaca que esta formação “acaba por um complemento muito bom à formação de seminário”, e, estando na etapa final do seminário, projeta-os para a frente, “para aquilo que virá a ser a missão pastoral”.

“A partilha entre os sacerdotes das várias dioceses também é muito enriquecedora, porque ajuda-nos a ver para lá da nossa realidade que, às vezes, é muito pequena, limitada, aquilo que conhecemos e não só a experiência dos vários oradores mas a própria partilha e convívio também é muito enriquecedor”, acrescentou.

Rafael Oliveira está no 6.º ano do Seminário dos Olivais, estuda em Lisboa, e desenvolve o seu trabalho pastoral, aos fins de semana, em Aveiro, na Paróquia da Glória – Sé, “uma comunidade viva” que traz muitos desafios, como as pessoas que “estão de passagem e procuram um acompanhamento específico”.

Sobre o padre do futuro, a partir da sua experiência de caminhada para o sacerdócio, elenca “pontos fundamentais”, como o enraizamento “naquilo que é a formação humana, espiritual”, o contexto da sua geração que “coloca novos desafios, os meios digitais são um desafio, a Inteligência Artificial coloca outros”, e realça que, “num mundo global, as comunidades senão se revirem na proposta da comunidade procuram ao lado, procuram a internet, outros conteúdos e propostas”.

 As Jornadas do Clero das Dioceses do centro de Portugal – Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e Viseu – tiveram 260 inscritos, de 30 de janeiro a 1 de fevereiro.

No questionário final os participantes vão também avaliar se esta iniciativa interdiocesana é para repetir, e qual a periodicidade.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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