Igreja na Venezuela preocupada com o rumo seguido por Hugo Chávez

A Igreja Católica na Venezuela voltou a manifestar a sua inquietação em relação ao futuro democrático do país, criticando duramente a acção do governo presidido por Hugo Chávez. Na menagem final da sua última assembleia plenária, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) sublinhava “a incerteza do futuro democrático, em função dos problemas políticos”. A título de exemplo, os prelados aludiram à “forte abstenção” de 75% que marcou as últimas eleições, em Dezembro passado, boicotadas pela oposição. Num momento em que a Venezuela tem um parlamento com uma única orientação política e as forças da oposição andam à procura de rumo, a CEV não esconde as suas “inquietações”, criticando ainda o clima de “corrupção generalizada” e a “deterioração das instituições”, que tem levado à diminuição da qualidade de vida das populações e à repressão policial e judicial. A exortação da CEV (www.cev.org.ve), intitulada “Ser Luz do mundo e Sal da terra na Venezuela de hoje”, convida todos os sectores da sociedade a um diálogo aberto, assegurando que “não é preciso que prossiga o confronto entre irmãos”. O organismo episcopal tem uma nova liderança, que se acredita ir actuar numa linha mais conciliatória. A CEV foi acusada várias vezes pelo presidente Chávez de estar ao serviço da oposição, por causa das críticas feitas a opções políticas concretas, e a polémica ganhou uma particular dimensão no confronto com o Cardeal Castillo Lara, presidente emérito da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano e uma das figuras mais respeitadas da Igreja Católica no seu país, distinguido-se pela sua preocupação relativamente à solidificação da democracia na Venezuela, que considera ameaçada pelas “intenções ditatoriais” de Chávez. Em Agosto do ano passado, o próprio Bento XVI propôs ao embaixador da Venezuela junto da Santa Sé que fossem superadas as tensões entre o governo de Hugo Chávez e a Igreja Católica, para promover “a mútua colaboração ao serviço do povo venezuelano”. O novo presidente da CEV, D. Ubaldo Santana, assinalou após a sua eleição, esta semana, que continuará o trabalho da Igreja de “anunciar o Evangelho e defender a dignidade dos mais pobres”. Apesar das tensas relações com o governo de Hugo Chávez, os Bispos pretendem “ser mais um instrumento de diálogo, reconciliação e entendimento com as autoridades nacionais e com todos os venezuelanos”.

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