A Igreja Católica na Itália condena qualquer intenção de equiparar ao matrimónio as chamadas uniões de facto ou as uniões homossexuais. Isso mesmo disse o Cardeal Camillo Ruini, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), na abertura do conselho permanente desse organismo. Pronunciando-se contra as propostas de lei que prefiguram “um pequeno matrimónio”, o Cardeal Ruini lamentou a intenção de promover “qualquer coisa da qual não há nenhuma verdadeira necessidade e que poderá, pelo contrário, provocar um obscurecimento da natureza e do valor da família, bem como um gravíssimo dano ao povo italiano”. O presidente da CEI reivindica, assim, “a tutela da família fundada sobre o matrimónio”, a qual deverá ser defendida “de qualquer ataque destinado a minar a sua solidez e a colocar em causa a sua existência”, como referiu Bento XVI aquando da última visita ao palácio do presidente da República Italiana. “O matrimónio enquanto instituição não é uma imposição de uma forma exterior à realidade mais privada da vida, é, pelo contrário, uma exigência intrínseca do pacto de amor conjugal e da profundidade da pessoa humana”, acrescentou o Cardeal Ruini, citando o Papa. Nesse sentido, o líder dos Bispos italianos considerou que “as várias formas modernas de dissolução do matrimónio – como as uniões livres e os casamentos à experiência, passando pelos pseudo-matrimónios entre pessoas do mesmo sexo – são expressão de uma liberdade anárquica, que se faz passara, de forma errada, pela verdadeira libertação do homem”. Sobre o caminho a segui na legislação sobre estas uniões, o Cardeal Camillo Ruini defende que seja seguida a estrada do “direito comum” em vez de se criarem modelos legislativos que configurem “algo de semelhante ao matrimónio”. Para a Igreja italiana, portanto, “o apoio à família legítima deve ser a primeira e verdadeira preocupação dos legisladores”. Espanha Em Espanha, por outro lado, o Partido Popular (PP) anunciou ontem que apresentará um recurso de inconstitucionalidade contra a lei que equipara as uniões homossexuais com o matrimónio na Espanha. O secretário geral do PP, Ángel Acebes, declarou que o seu partido tinha encomendado aos seus serviços jurídicos e advogados “que elaborassem esse recurso”, assegurando também que o PP nunca duvidou da inconstitucionalidade da referida lei. A lei, que reconhece idênticos direitos às uniões homossexuais e aos matrimónios, entrou em vigor em Junho. Diversos sectores expressaram sua satisfação perante o anúncio do recurso pelo PP. O Fórum Espanhol da Família (FEF), que em Junho passado convocou mais de um milhão de espanhóis em Madrid para contestar o então polémico projecto de lei, pediu ao grupo popular que vote a favor da Iniciativa Legislativa Popular (ILP) pelo matrimónio e a infância que será levada a votação, em breve, no Parlamento. O Vice-presidente e porta-voz do FEF, Benigno Blanco, explicou que “este recurso vai permitir ao Tribunal restabelecer a protecção constitucional ao matrimónio, algo que a lei do PSOE pretendeu anular”. Espanha é um dos quatro países nos quais a legislação regula casamentos entre pessoas do mesmo sexo, juntamente com o Canadá, Bélgica e Holanda.
