«Matriz da Europa foi sempre de grande acolhimento» – cardeal Tolentino Mendonça
Cidade do Vaticano, 22 mai 2024 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça defendeu hoje, no Vaticano, que a diversidade cultural deve ser vista como “uma riqueza”, em vez de um “obstáculo”, na sociedade portuguesa.
“Portugal mudou nos últimos anos e vai continuar a mudar muito. Os portugueses são também uma comunidade de migrantes, temos uma diáspora repartida nos quatro cantos do mundo e sabemos o que significa dar também o nosso contributo noutras sociedades”, referiu o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, em declarações aos jornalistas, após um encontro com responsáveis da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
O colaborador do Papa foi questionado sobre as problemáticas ligadas à imigração, convidando todos a “criar uma sociedade intercultural de integração, onde os diversos contributos são acolhidos como um bem comum”.
A matriz da Europa foi sempre de grande acolhimento, de grande capacidade de colocar os povos em diálogo. Aliás, é esse o projeto europeu, criar uma comunidade de povos. Hoje, não existe mais a ideia de um país homogéneo”.
Para D. José Tolentino Mendonça, esta é uma ideia que a própria Igreja é chamada a assumir, “como visão do mundo, como visão do futuro”, seguindo as indicações do Papa.
“A ideia de fraternidade universal, a ideia da amizade social, não são apenas chavões para construir a realidade, são práticas da realidade nas quais todos precisamos de nos empenhar, para que Portugal também se reforce como país”, sustentou.
O prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação declarou que a identidade “não é uma realidade fechada, mas uma realidade em construção”.
“O que nós somos é aquilo que estamos a construir. Herdeiros de um passado, sem dúvida, mas sobretudo responsáveis por um presente e por um futuro”, acrescentou.
O responsável da Cúria Romana falava após um encontro com bispos portugueses, no âmbito da visita ‘ad Limina’ que está a decorrer esta semana.
O colaborador do Papa assumiu que “o regime cultural mudou” e esse é um desafio para a Igreja Católica.
“Nós continuamos com o culto, mas a cultura deixou de ser um espaço natural de presença cristã. Este vazio há de ser, mais do que ocupado, reinventado como uma possibilidade”, precisou.
Para D. José Tolentino Mendonça, a falta de recursos pode ser vista como uma “riqueza”, na Igreja, chamada a “criar coisas conjuntamente com outros”, apresentando-se como espaço de diálogo e de abertura.
O antigo responsável pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da CEP, diz que em Portugal é possível ver uma “uma fermentação, um desejo de várias instituições da Igreja portuguesa fazerem-se presentes no mundo da cultura de uma forma original, de uma forma que seja verdadeiramente de diálogo”.
Penso que, nos últimos anos, Portugal tem crescido e era importante que continuasse nesta direção”.
Os bispos de Portugal realizam desde segunda-feira a visita ‘Ad Limina’, para diálogos com vários organismos na Cúria Romana e, na sexta-feira, dia final da iniciativa, com o Papa Francisco.
De acordo com o Gabinete de Comunicação da CEP, participam na visita ‘Ad Limina’ 20 bispos diocesanos, 5 bispos auxiliares, o bispo eleito de Beja e 2 bispos eméritos e o secretário, padre Manuel Barbosa.
PR/OC
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