Estas pessoas estão «mais vulneráveis ao desemprego e à pobreza», afirma diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações
Lisboa, 18 dez 2023 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) considera que “as escolas e as paróquias” são “dois laboratórios” para a inclusão dos migrantes em Portugal.
“As escolas e as paróquias são dois laboratórios que ajudam a integrar os imigrantes em Portugal, as escolas sentem o aumento de crianças migrantes e as paróquias recebem pessoas oriundas de outros países”, disse à Agência ECCLESIA Eugénia Quaresma, no Dia Internacional dos Migrantes, que se celebra esta segunda-feira, 18 de dezembro.
A celebração deste dia serve “para sensibilizar para as questões migratórias e também para a vulnerabilidade dos migrantes”, sublinhou a responsável.
Para Eugénia Quaresma, os migrantes estão “mais vulneráveis à pobreza e ao desemprego” e, em Portugal, isto deve-se “à morosidade dos serviços para regularizar a situação”, lamenta.
O fluxo migratório em Portugal tem “diferentes causas”, uns por questões laborais e outros pelas vertentes da educação.
“Aqueles que vêm por motivos económicos e não têm a situação regularizada a tempo ficam em situação de precariedade”, salientou a diretora da OCPM.
“O mundo da agricultura e os serviços de restauração necessitam dos imigrantes”, acrescentou.
A propósito do Dia Internacional dos Migrantes, que se comemora esta segunda-feira, a Pordata traçou o perfil da população estrangeira a viver em Portugal, salientando que, nos últimos 15 anos, cerca de meio milhão obtiveram nacionalidade portuguesa.
Um em cada quatro estrangeiros que chegam a Portugal é de países de fora da União Europeia: quase 30% são brasileiros.
As restantes nacionalidades mais representadas são britânica (6%), cabo-verdiana (4,9%), italiana (4,4%), indiana (4,3%) e romena (4,1%).
Numa década, mais do que triplicaram as concessões de títulos de residência e muitos chegam também para estudar.
No entanto, a vida não é fácil para quem chega a Portugal: a taxa de desemprego da população estrangeiro é mais do dobro da média nacional e mais de um terço tem um contrato de trabalho temporário, em contraste com 16% dos trabalhadores portugueses.
“Portugal é o 4º país com maior precaridade laboral entre os estrangeiros, a seguir à Croácia (48%), aos Países Baixos (38%) e à Polónia (36%). Em 2021, os trabalhadores estrangeiros ganhavam, em média, menos 94 euros mensais do que a média nacional”, refere a Pordata.
Em 2022 chegaram a Portugal 118 mil imigrantes, o maior valor desde que há registo.
Desde 2008 que se verifica um aumento anual de entrada de imigrantes no país, com exceção dos anos 2010, 2011, 2012 e 2020.
Entre as características em comum do conjunto da comunidade imigrante, em 2022, a Pordata sublinha que um em cada quatro já nasceu em Portugal e quase metade (48,8%) tinha obtido a nacionalidade portuguesa. Metade dos imigrantes tem idades entre 15 e 44 anos e quase dois terços eram homens.
LFS