Peregrinação a Fátima apresenta experiências de multiculturalidade e de integração
Fátima, 12 ago 2024 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) afirmou hoje em Fátima que se vivem “tempos desafiantes”, neste setor, convidando a lutar contra o “medo” de quem chega de outros países.
“A primeira resposta que nós queremos implementar é reconhecer e vencer o medo. Isto vai fazer face aos desafios da intolerância, da xenofobia, do medo”, declarou Eugénia Quaresma, na conferência de imprensa que antecedeu o início da peregrinação nacional de migrantes e refugiados à Cova da Iria.
A responsável católica evocou a experiência da Igreja a “acompanhar experiências dramáticas no campo das migrações”, acrescentando que houve um despertar para “aquilo que é positivo”.
A Igreja Católica celebra a 52ª Semana Nacional de Migrações até ao próximo domingo, num programa que inclui a peregrinação nacional do migrante e do refugiado ao Santuário de Fátima, a 12 e 13 de agosto.
‘Deus caminha com o seu povo’ é o tema do Dia Mundial do Migrante e Refugiado 2024, escolhido pelo Papa, que deu o mote para a semana nacional.
Eugénia Quaresma apresentou aos jornalistas uma série de “respostas pastorais”, que a Igreja quer implementar, que além de “vencer o medo”, visam a promoção do “encontro” nas comunidades católicas.
A responsável defendeu a necessidade de “escutar e ter compaixão” e de viver a “catolicidade”, relacionando-se “com todos”.
A diretora da OCPM convidou a reconhecer os migrantes como “uma bênção”, que ajudam a “cumprir a missão evangelizadora da Igreja”, e a “cooperar com vista à comunhão”.
“Estamos aqui, hoje, também em peregrinação porque percebemos a necessidade de rezarmos estas coisas, de trabalhar o nosso coração. Muitos dos desafios que enfrentamos são, antes de mais, para além da burocracia, desafios do nosso próprio coração”, indicou.
O encontro com os jornalistas teve a participação de Tânia Moreira, coordenadora do Secretariado da Pastoral das Migrações de Setúbal, que falou da experiência de “multiculturalidade” na Paróquia da Amora, onde reside.
A leiga católica, que segue o carisma de João Batista Scalabrini, santo italiano que se dedicou ao acompanhamento dos migrantes, evocou a experiência da JMJ 2023, com scalabrinianos de todo o mundo.
“Tentamos levar aqui, mantendo a chama, este espírito da Jornada, que foi tão forte e que nos trouxe aqui esta grande visão da multiculturalidade. Fomos invadidos por milhares, milhões de jovens e pessoas vindas de todo o mundo e, no entanto, durante aquela semana conseguirmos dar-nos todos bem, acolher-nos todos e fazermos experiência, realmente, de que Deus caminha connosco”, declarou.
A responsável manifestou preocupação com a “tendência” de discriminação dos migrantes na Europa, admitindo que a mesma venha a atingir os jovens portugueses que venham a emigrar.
Marta Amaral, da Cáritas de Coimbra, falou do trabalho realizado junto da comunidade migrante asiática na Figueira da Foz.
“A Cáritas tenta acolher todos de igual forma e chegar àqueles que mais precisam”, disse aos jornalistas.
Há sete anos, acrescentou, a organização católica começou a responder ao novo fluxo migratório, perante o “medo do desconhecido”, destacando o trabalho realizado no âmbito da saúde pública.
“O nosso maior desafio foi o respeito religioso”, referiu ainda Marta Amaral, explicando que a maior parte da comunidade de imigrantes é constituída por hindus e muçulmanos.
No final da conferência de imprensa, Eugénia Quaresma agradeceu o trabalho dos jornalistas.
“Assistimos à dificuldade que é [o vosso trabalho], com esta aventura de estar nas redes sociais e a desinformação que por ali corre. Obrigado a todos aqueles que estão ao serviço da verdade e que contribuem para estarmos informados”, afirmou.
A Peregrinação Internacional Aniversária de agosto, no Santuário de Fátima, é presidida por D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra.
OC