Igreja: Media têm de «assumir a sua capacidade de fazer comunhão», sem manipular

Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais comenta primeira mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dedicado a este setor

Lisboa, 23 jan 2014 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) da Igreja Católica em Portugal considera fundamental o apelo que o Papa lançou hoje aos media para que sejam no mundo promotores de uma “cultura do encontro”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o cónego João Aguiar salienta que o desafio de Francisco encerra um ponto “absolutamente relevante, que a comunicação não é nada se não tiver humanidade”, se não contribuir para a “aproximação das pessoas e dos seus reais problemas”.

“A Comunicação Social tem de colocar a comunhão ou a pessoa no seu centro, ser ponte em vez de muro, porque muros já existem que chegue, os muros da exclusão económica, do racismo, dos fundamentalismos religiosos, muitos muros”, realça o responsável.

‘Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro’ é o título da mensagem que o Papa Francisco dedicou ao Dia Mundial das Comunicações Sociais, que vai ser assinalado no próximo dia 1 de junho.

No documento, sublinha-se que num mundo tantas vezes dividido, “os media podem ajudar as pessoas a sentirem-se mais próximas umas das outras, a perceberem um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna”.

Para o cónego João Aguiar, “é preciso que a Comunicação Social assuma exatamente a sua capacidade de fazer comunhão, não manipulando e antes servindo, pondo as pessoas em contacto umas com as outras e não separando-as ou isolando-as”.

Por outro lado, nesta questão “também entra a consciencialização dos utentes, porque hoje na civilização digital um utente pode estar ligado a milhões de pessoas mas também pode aproveitar essa mesma tecnologia para se isolar, para uma espécie de autismo tecnológico”.

Na sua mensagem, Francisco deixa ainda um desafio aos meios de comunicação da Igreja Católica, para que saibam transmitir aos outros “a Beleza de Deus” com energia renovada e “imaginação nova”, sobretudo no ambiente digital.

“A Igreja deve estar envolvida nesta civilização digital com duas intenções, uma delas é abrir as portas para que o mundo entre, e outra é abrir as portas para que o Evangelho ultrapasse o limiar dos próprios recintos sagrados, tudo isto numa atitude de diálogo”, sustenta o diretor do SNCS.

De acordo com o sacerdote, “o Papa define o diálogo como a capacidade de dizer. mas também a capacidade de escutar, de dar tempo ao outro para falar, poisando a pretensão de que as convicções próprias são as únicas ou as últimas”.

“O outro pode ter coisas a dizer-nos, portas a abrir-nos, coisas a ensinar-nos, e esta humildade é uma coisa que a Igreja também precisa hoje”, conclui o cónego João Aguiar.

JCP

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