Diretor da publicação faz percurso pela história do título dedicado à Igreja Católica em territórios de missão
Lisboa, 08 mai 2024 (Ecclesia) – A Revista dos Missionários da Boa Nova, pioneira da imprensa missionária, que informa sobre o trabalho da Igreja Católica nos territórios de missão, celebra este ano o 100.º aniversário.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Rui Ferreira, diretor da publicação, explica que a revista “Boa Nova” nasceu a 15 de agosto de 1924, com o nome “O Missionário Católico”, com foco nas missões ultramarinas, na África Ocidental e Oriental, nomeadamente em Moçambique, Índia, Timor e Macau.
“Em 1960, tirou-se o artigo definido, ficou só Missionário Católico”, afirma o sacerdote, missionário da Boa Nova, que desenvolve que em 1970, o padre Artur de Matos, antigo diretor, em conjunto com outros elementos, decidiram “renovar o nome” da publicação.
“Fizeram para o efeito até uma sondagem, Mundo Novo ou Boa Nova, mas a verdade é que Boa Nova vingou, porque Boa Nova é um nome muito querido à Sociedade Missionária da Boa Nova”, refere o padre Rui Ferreira, que justifica que o “Seminário Maior de Teologia está na Quinta da Boa Nova, em Valadares, Vilar do Paraíso”, e que lá estava uma capela da “Condessa da Boa Nova”.
Ainda antes da mudança de nome, a publicação não passou ao lado do Concílio Vaticano II, que fez surgir um conceito de Igreja bem diferente daquela que era vivida, provocando impacto na renovação da Igreja e no envolvimento dos leigos na vida da igreja e da sociedade.
“Apesar de ainda um pouco ou muito abafados pelo regime do Estado Novo, por toda a situação, esses ventos superaram também na Sociedade Missionária e em quem estava diante da direção da revista”, reconhece o diretor da revista.
O entrevistado destaca que a publicação nunca teve interrupção alguma na periodicidade, apesar de ter registado “turbulência”, no período “depois do 25 de Abril, que foi um período sensível para a Sociedade Missionária”.
Sobre o fim da ditadura e a chegada da liberdade a Portugal, o padre Rui Ferreira lembra o bispo da Beira D. Sebastião de Soares de Resende e D. Manuel Vieira Pinto como figuras que lutaram, “e de que maneira”, pela “autodeterminação, pela dignidade dos povos” e que “afrontaram o regime então instalado”.
Sobre o futuro da Revista Boa Nova, o sacerdote missionário fala na importância de a publicação estar presente nas várias plataformas: “O desafio do digital é para nós fundamental, estarmos presentes nos vários canais”.
“Agora, quanto ao conteúdo, o conteúdo é o Evangelho, a evangelização, a missão, evangelizar. Por aí que veio o nome também escolhido”, indica o diretor da revista.
“Ser-se missionário é ser-se cristão. Ser-se católico é ser-se universal. Então, toda a Igreja é missionária. E a revista, tal como no início, e a própria Sociedade de Missionários, também aqui em Portugal, está ao serviço da evangelização e ajudar a tornar a Igreja, em Portugal, mais missionária”, asssinalou o convidado do Programa ECCLESIA emitido hoje na RTP2.
A Revista “Boa Nova” é uma publicação mensal e foi fundada por D. Teotónio Vieira de Castro, Bispo de Meliapor e Superior dos Colégios das Missões, em Portugal.
HM/LJ/OC