Encontro com responsáveis católicos, no Vaticano, contou com delegação portuguesa
Cidade do Vaticano, 27 jan 2025 (Ecclesia) – O Papa disse hoje, no Vaticano, que os comunicadores católicos devem olhar para as “histórias do bem” e promover um jornalismo aberto ao mundo.
“Cada cristão é chamado a ver e a contar as histórias do bem que um mau jornalismo quer apagar, dando espaço apenas ao mal. O mal existe, não deve ser escondido, mas deve sacudir, gerar perguntas e respostas”, referiu, perante os participantes na Conferência Internacional dos Comunicadores Institucionais Católicos, que decorre até quarta-feira.
O evento reúne responsáveis de Comissões Episcopais para a Comunicação e diretores dos gabinetes de comunicação de Conferências Episcopais e Institutos Religiosos de vários países, incluindo uma delegação portuguesa.
A intervenção aludiu a uma “grande tarefa”, que exige “sair de si mesmo” e um trabalho “sinfónico”.
“Todos nós somos chamados a verificar como e o que comunicamos. Comunicar, comunicar sempre”, acrescentou o pontífice.
Francisco sublinhou que todos são “chamados a comunicar a vida da Igreja e uma visão cristã do mundo”.
Um dia após o encerramento do Jubileu do Mundo da Comunicação, o Papa convidou a fazer um “exame de consciência” sobre a forma como se comunica, na Igreja.
“Como semear a esperança no meio de tanto desespero que nos toca e desafia? Como curar o vírus da divisão, que ameaça também as nossas comunidades? A nossa comunicação é acompanhada pela oração? Ou acabamos por comunicar a Igreja adotando apenas as regras do marketing empresarial?”, questionou.
A esperança nunca desilude, mas será que sabemos comunicá-la? Sabemos comunicar que a vida dos outros pode ser mais bela, mesmo através de nós? Poderei eu, pela minha parte, dar beleza à vida dos outros? E será que sabemos comunicar e convencer que é possível perdoar? Isto é tão difícil”.
O Papa sublinhou que a comunicação do “Reino de Deus” é como “um milagre”, que tem de ser contado aos outros “para lá dos preconceitos, para lá dos estereótipos, para além de si mesmo”.
“Quando comunicamos, somos criadores de linguagens, de pontes. Nós somos os criadores. Uma comunicação que transmite harmonia e é uma alternativa concreta às novas torres de Babel”, assinalou.
A reflexão apontou duas ideias centrais, sintetizadas nas palavras “juntos” e “rede”.
“Comunicar, para nós, não é uma tática, não é uma técnica. Não é repetir frases de impacto ou slogans, nem é apenas escrever comunicados de imprensa. Comunicar é um ato de amor. Só um ato de amor livre tece redes de bem”, sustentou Francisco.
O Papa apelou ao desenvolvimento da “inteligência natural”.
“Quanto poderíamos fazer juntos, graças às novas ferramentas da era digital, graças também à inteligência artificial, se, em vez de fazermos da tecnologia um ídolo, nos empenhássemos mais no trabalho em rede?”, perguntou.
A comunicação católica não é uma coisa à parte, não é só para os católicos. Não é uma cerca para nos fecharmos, uma seita para falarmos uns com os outros, não! A comunicação católica é o espaço aberto de um testemunho que sabe escutar e intercetar os sinais do Reino”.
No final do encontro, Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, entregou ao Papa um exemplar do livro ‘Memórias de uma Belíssima Jornada’ (Paulus Editora), que apresenta uma entrevista a D. Américo Aguiar, coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023.
OC