«Não basta multiplicar as conexões para ver crescer também a compreensão recíproca», assinala Francisco
Cidade do Vaticano, 24 jan 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco apresentou hoje a redescoberta do sentido de comunidade como forma de superar os desafios levantados pelo recurso crescente às redes sociais e internet.
“Não basta multiplicar as conexões para ver crescer também a compreensão recíproca”, sublinha, na sua mensagem para 53.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, divulgada pela Santa Sé, que tem como tema ‘Das comunidades de redes sociais à comunidade humana’,
Francisco defende a necessidade de reencontrar a “verdadeira identidade comunitária”, na consciência da responsabilidade todos têm, uns para com os outros.
O texto realça que a identidade humana se funda sobre “a comunhão e a alteridade” e que, para os cristãos, há um olhar de inclusão, ensinado por Jesus, que leva a “descobrir a alteridade de modo novo, ou seja, como parte integrante e condição da relação e da proximidade”.
“A verdade revela-se na comunhão; pelo contrário, a mentira é recusa egoísta de reconhecer a própria pertença ao corpo; é recusa de se dar aos outros, perdendo assim o único caminho para se reencontrar a si mesmo”, observa o pontífice.
Para o Papa, é urgente deixar de ver as pessoas como “potenciais concorrentes”, promovendo antes a “capacidade de compreensão e comunicação” entre as pessoas.
A mensagem fala de uma “nostalgia de viver em comunhão, de pertencer a uma comunidade” no coração de todos e apela a “investir nas relações” humanas.
A nossa vida cresce em humanidade passando do caráter individual ao caráter pessoal; o caminho autêntico de humanização vai do indivíduo que sente o outro como rival para a pessoa que nele reconhece um companheiro de viagem”.
O Papa sugere uma passagem do “like” ao “amen”, sustentando que “o uso das redes sociais é complementar do encontro em carne e osso, vivido através do corpo, do coração, dos olhos, da contemplação, da respiração do outro”.
“Abrir o caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso, ao carinho… Esta é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos [like], mas na verdade, no ‘amen’ com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros”, conclui.
Francisco tem uma conta no Twitter, ‘@Pontifex’, em várias línguas, e está presente no Instagram com o perfil ‘@Franciscus’, com milhões de seguidores nestas redes sociais.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se no domingo antes do Pentecostes (2 de junho, em 2019).
A mensagem do Papa é tradicionalmente publicada por ocasião da festa litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, no dia 24 de janeiro.
OC
“Se a rede for usada como prolongamento ou expetativa de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a comunhão. Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade eclesial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar juntos a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de casos e experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem na descoberta daquilo que nos une, então é um recurso”. (Papa Francisco) |
Mensagem do Papa Francisco para o 53.º Dia Mundial das Comunicações Sociais