Igreja/Media: Jornadas Nacionais de Comunicação Social 2025 desafiam a «Comunicar sem corantes nem conservantes»

Encontro decorre no Seminário de Coimbra, reunindo especialistas de diversas áreas

Lisboa, 25 set 2025 (Ecclesia) – O Seminário de Coimbra recebe entre hoje e amanhã as Jornadas Nacionais de Comunicação Social 2025,  sobre o tema ‘Comunicar sem corantes nem conservantes’.

O presidente da Comissão Episcopal responsável pelas Comunicações Sociais sublinhou a importância de construir “comunidade”, numa mensagem para as próximas Jornadas Nacionais do setor.

“Quero recordar este lugar central da comunicação na nossa vida como seres humanos. Ela distingue-nos, de facto, como seres humanos, permite-nos partilhar as nossas interioridades, aquilo que vai dentro da nossa vida, permite-nos também fazer comunidade”, refere D. Nuno Brás, bispo do Funchal, numa saudação aos participantes.

O diretor da Agência ECCLESIA adiatnou que os trabalhos vão abordar os desafios que surgem num setor marcado pela progressiva digitalização, promovendo o encontro entre profissionais que partilham a mesma “identidade”.

“Diante da opinião pública nós somos todos um, temos todos a mesma identidade, não somos a Diocese A nem a Diocese B, não vale a pena estar a dispersar esforços. Acho que é necessário envolvermo-nos todos nesta causa da comunicação, onde o digital e o humano cada vez se conjugam mais”, indica Paulo Rocha.

“Temos muitos participantes que fazem parte de grupos de comunicação, de congregações religiosas, de movimentos, etc. Há uma aposta grande nesta comunicação e, sobretudo, na partilha de projetos que queremos que se estenda o mais possível a toda a gente”, acrescenta o entrevistado.

Questionado sobre o impacto da Inteligência Artificial na comunicação, Paulo Rocha admite que há “ótimas ferramentas” ao dispor, mas fala no risco de um “artificialismo”, que pode levar ao declínio da “inteligência natural”.

“Ouvimos falar muito de algoritmos, ouvimos falar de manipulações da opinião pública em campanhas eleitorais, mas se calhar não estamos tão despertos para o nosso quotidiano, para as nossas relações”, adverte o jornalista, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O programa parte das recentes intervenções do Papa Leão XIV e da última mensagem do Papa Francisco, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025, abordando os desafios do digital e o valor do humano, na área dos media.

Após a sessão de abertura, a reflexão das jornadas é apresentada num colóquio entre Clara Almeida Santos e o padre Paulo Duarte, em torno do tema ‘Ser, parecer ou aparecer: fronteiras na comunicação’, com moderação de Nelson Mateus, jornalista da SIC.

Clara Almeida Santos é professora no Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde foi vice-reitora entre 2011 e 2018 e fundou e dirigiu a UCV – Televisão Web da Universidade de Coimbra; o padre Paulo Duarte é diretor-adjunto da Rede Mundial de Oração do Papa e participa ativamente no debate no ambiente digital, tendo estado em Roma, no último encontro de influencers católicos, no início do Jubileu dos Jovens.

Uma intervenção do padre e DJ GuilhermePeixoto  integra a mesa-redonda com o tema ‘Ser, parecer ou aparecer: fronteiras na comunicação’.

O painel que compõe este momento inclui o padre Manuel Vieira, do Departamento de Comunicação Social da Arquidiocese de Évora; Rita Carvalho, do Gabinete de Comunicação da Companhia de Jesus; Paulo Aido, do Departamento de Comunicação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre; e Francisco de Mendia, da Agência de Comunicação H/Advisors CV&A.

As Jornadas vão incluir, na sexta-feira, uma componente prática, com um Workshop “Storytelling digital: como criar conteúdos com impacto e relação”, conduzido por Nelson Pimenta, diretor digital do Grupo Renascença.

A conferência final, sobre o tema “IA: (este) tempo e sentido(s)”, está a cargo de João Paiva, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O encontro decorre este ano no Seminário de Coimbra, permitindo visitar o espaço.

Permanentemente patente ao público está “Os Contos de Fajão”, uma das mostras que será possível explorar e que apresenta a oficina-museu de Monsenhor Nunes Pereira e a sua vasta obra.

As Jornadas Nacionais de Comunicação 2025 partem das intervenções do Papa Leão XIV e da última mensagem do Papa Francisco, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, abordando os desafios do digital e o valor do humano, na área dos media.

Na primeira audiência pública, a 12 de maio, com milhares de profissionais da Comunicação Social que acompanharam o Conclave, Leão XIV sustentou que a comunicação é “criação de uma cultura”, assinalando o impacto da evolução tecnológica, especialmente da inteligência artificial.

Na última mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025, com o título ‘Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações’, o Papa Francisco desafiou os jornalistas a “compromisso corajoso” perante a desinformação.

Estas Jornadas são promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), da Conferência Episcopal Portuguesa.

“No seguimento da estratégia que temos implementado, de promover as iniciativas em várias dioceses do país, este ano vamos realizar as Jornadas Nacionais de Comunicação em Coimbra”, pode ler-se numa nota da diretora do SNCS, Isabel Figueiredo.

Segundo a responsável, o objetivo é “ir ao encontro de projetos em curso que valorizam o património edificado e promovem a dinamização pastoral e cultural de estruturas com história, como é o caso do Seminário de Coimbra, em processo de requalificação e de reconfiguração para a diocese, para a cidade e para todo o país”.

“Para além da experiência de encontro e de reflexão em torno do tema da comunicação, teremos oportunidade de visitar o Seminário, conhecer a sua oferta de turismo espiritual, assim como as exposições que promove”, adianta Isabel Figueiredo, na mensagem dirigida aos profissionais da comunicação social.

LJ/OC/PR

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