Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, aponta importância de encontro entre profissionais que partilham «mesma identidade»
Lisboa, 11 set 2025 (Ecclesia) – O diretor da Agência ECCLESIA afirmou que as próximas Jornadas Nacionais de Comunicação vão abordar os desafios que surgem num setor marcado pela progressiva digitalização, promovendo o encontro entre profissionais que partilham a mesma “identidade”.
“Diante da opinião pública nós somos todos um, temos todos a mesma identidade, não somos a Diocese A nem a Diocese B, não vale a pena estar a dispersar esforços. Acho que é necessário envolvermo-nos todos nesta causa da comunicação, onde o digital e o humano cada vez se conjugam mais”, indica Paulo Rocha.
O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais vai promover a 25 e 26 de setembro, em Coimbra, as Jornadas Nacionais de Comunicação, sobre o tema ‘Comunicar sem corantes nem conservantes’.
“Temos muitos participantes que fazem parte de grupos de comunicação, de congregações religiosas, de movimentos, etc. Há uma aposta grande nesta comunicação e, sobretudo, na partilha de projetos que queremos que se estenda o mais possível a toda a gente”, disse o entrevistado.
Questionado sobre o impacto da Inteligência Artificial na comunicação, Paulo Rocha admite que há “ótimas ferramentas” ao dispor, mas fala no risco de um “artificialismo”, que pode levar ao declínio da “inteligência natural”.
“Ouvimos falar muito de algoritmos, ouvimos falar de manipulações da opinião pública em campanhas eleitorais, mas se calhar não estamos tão despertos para o nosso quotidiano, para as nossas relações”, adverte o jornalista, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O responsável aponta os desafios específicos da comunicação da “identidade cristã”.
“Se olharmos para a forma como Jesus apareceu e comunicou, temos aí um desafio enorme para a nossa forma de estar, para a nossa forma de aparecer, onde talvez o ser possa não estar muito presente”, observa.
As Jornadas Nacionais de Comunicação partem das intervenções do Papa Leão XIV e da última mensagem do Papa Francisco, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025, abordando os desafios do digital e o valor do humano, na área dos media.
Após a sessão de abertura, a reflexão das jornadas é apresentada num colóquio entre Clara Almeida Santos e o padre Paulo Duarte, em torno do tema ‘Ser, parecer ou aparecer: fronteiras na comunicação’, com moderação de Nelson Mateus, jornalista da SIC.
Clara Almeida Santos é professora no Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde foi vice-reitora entre 2011 e 2018 e fundou e dirigiu a UCV – Televisão Web da Universidade de Coimbra; o padre Paulo Duarte é diretor-adjunto da Rede Mundial de Oração do Papa e participa ativamente no debate no ambiente digital, tendo estado em Roma, no último encontro de influencers católicos, no início do Jubileu dos Jovens.
“Queremos que todo este tema seja problematizado através da experiência dos dois intervenientes, sem dúvida, mas sobretudo que sejam despertar para este tema, confrontado com experiências concretas que se partilham no painel seguinte”, indica Paulo Rocha.
O programa inclui uma dimensão prática, sobre a comunicação nas plataformas digitais, com a “colaboração da equipa digital do Grupo Renascença”.
“Há uma identidade, há uma mensagem a transmitir, mas há uma forma de o fazer. E isso aprende-se”, sustenta o diretor da Agência ECCLESIA.
Os nativos digitais talvez o façam muito naturalmente, mas quem não é nativo digital tem de aprender, e o que queremos é de facto ir à procura de boas práticas, boas experiências e partilhá-las com todos os participantes”.
O encontro decorre este ano no Seminário de Coimbra, permitindo visitar um espaço em “processo de recuperação, não só patrimonial, mas até identitário”.
As informações nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social encontram-se na página da internet criada para registo de inscrições, onde se encontram também indicações sobre refeições e alojamento.
HM/OC