«Contributo que deixa à cultura cinematográfica é também um grande contributo para a Igreja Católica em Portugal» – D. Nuno Brás
Lisboa, 27 fev 2024 (Ecclesia) – Francisco Perestrello, cinéfilo e antigo diretor do Secretariado do Cinema e do Audiovisual, morreu esta segunda-feira em Lisboa, com 85 anos.
“Francisco Perestrello escreveu a História do Cinema, em Portugal, ao longo de mais de quatro décadas. A sua paixão pela sétima arte tornou a sua vida sempre próxima de cada estreia, deixando ao público português uma apresentação de cada filme onde é possível encontrar referências artísticas que o distinguem, assim o valor do seu argumento”, refere D. Nuno Brás, bispo do Funchal e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.
Francisco Perestrello dinamizou o “Boletim Cinematográfico”, publicação na qual fez a crítica de cinema a partir de valores cristãos.
“O contributo que deixa à cultura cinematográfica é também um grande contributo para a Igreja Católica em Portugal, nomeadamente pela dinamização do Secretariado do Cinema e do Audiovisual, de que resultou a base de dados que manteve até ao presente e disponível online”, indica D. Nuno Brás.
O velório decorre hoje, na igreja de Nova Oeiras a partir das 18h00, estando prevista uma celebração da Eucaristia às 20h00; na quarta-feira vai ser celebrada Missa às 12h00, seguindo o funeral para o Cemitério dos Olivais, em Lisboa.
Francisco Perestrello foi responsável pela fundação da Cinedoc, página Web do Centro de Documentação do Secretariado do Cinema e do Audiovisual, em 1987, tendo encerrado a sua atividade em 2009; escreveu para o jornal Nova Terra, para a Agência Ecclesia e para publicações sobre cinema e televisão.
O suporte material dos dados ficou no arquivo na Conferência Episcopal Portuguesa, sendo a sua digitalização atualizada através da plataforma Zoom WinWeb, à qual se pode aceder através da Agência ECCLESIA.
Num dos textos que assinou para a ECCLESIA, Francisco Perestrello destacava a importância do cineclubismo, em Portugal, durante a ditadura.
“Ao longo de muitos anos houve um trabalho supletivo a cargo dos cineclubes, que sobretudo nos anos 50 e 60 do século findo cobriam as diversas tendências políticas e culturais, ou mesmo ideológicas. A censura, que limitava o acesso ao mercado de muitas das obras mais importantes, era uma tentação, e os cineclubes desafiavam-na, de uma forma ou de outra, até ao limite”, recordava.
A Agência ECCLESIA republica hoje o texto ‘O Cristianismo… e a influência do Cinema’, assinado por Francisco Perestrello, que integrou a publicação ‘2000 anos que mudaram o Mundo’, suplemento da edição n.º 752 (21.12.1999)
PR/OC