«O sangue dos mártires é real, não tem corantes», afirmou Paulo Aido, da Fundação AIS






Coimbra, 25 set 2025 (Ecclesia) – As Jornadas Nacionais de Comunicação Social, da Igreja Católica em Portugal, reuniram gabinetes de comunicação de diferentes organizações e instituições, e um missionário digital, para partilharem as suas “experiências”, no encontro que está a decorrer no Seminário de Coimbra.
“Vivemos tempos em que sentimos a dificuldade em sentir que estamos bem informados, vemo-nos aflitos para acompanhar e quando estamos a tentar produzir essa dificuldade ganha novas camadas”, disse o diretor do Departamento de Comunicação Social da Arquidiocese de Évora.
O padre Manuel Vieira salientou que a enquanto comunicadores, responsáveis de comunicação, têm a tarefa de perceber que hoje têm de parecer, ter “consistência, coerência”, mas, também aparecer “no espaço publico” e que a sua voz “se possa ouvir com a mesma qualidade dos outros intervenientes do espaço publico”.
A mesa-redonda com o tema ‘Ser, parecer ou aparecer: fronteiras na comunicação’ reuniu também responsáveis e representantes do setor da comunicação da Companhia de Jesus (Jesuítas), da Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e a Agência de Comunicação H/Advisors CV&A, para além da intervenção em vídeo do padre e DJ Guilherme Peixoto.
A diretora do Gabinete de Comunicação da Província Portuguesa da Companhia de Jesus começou por recordar que foi criado mais para o lançamento do portal online ‘Ponto SJ’, em 2018, um “espaço de diálogo e debate”, não tanto um site institucional, ousado na altura.

Segundo Rita Carvalho, que destacou também que este é um trabalho de uma equipa de quatro pessoas, têm quatro objetivos estratégicos, dois mais internos, de “apoio” ao governo da província portuguesa dos Jesuítas e promover o sentido de corpo desta mesma província, e dois mais externos, nomeadamente “promover a cultura do diálogo no espaço público”, e a área do apostolado digital.
O portal online ‘Ponto SJ’ é “mais do que uma opinião”, e o gabinete de comunicação da Companhia de Jesus m Portugal partilhou também quatro desafios, a “unidade na diversidade”, a sustentabilidade financeira, não perderem a visão estratégica e “gerir prioridades”.
‘Comunicar – Sem corantes nem conservantes’, é o tema geral das Jornadas Nacionais de Comunicação Social 2025, o que também “não tem corantes” é o “sangue dos mártires”, que “é real”, pessoas perseguidas e que pedem ajuda, e a Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) tem como “missão a defesa dos cristãos perseguidos e da Igreja que sofre”.
“A nossa voz tem de chegar mais longe, sensibilizar e mobilizar mais pessoas, para ajudar os cristãos perseguidos, é nosso dever e missão. Não devemos ignorar o sofrimento dos cristãos perseguidos no mundo”, assinalou o jornalista Paulo Aido, do Departamento de Comunicação da AIS em Portugal.

A Ajuda à Igreja que Sofre é uma voz dessas pessoas perseguidas, e conta histórias de cristãos perseguidos, de comunidades, de pessoas concretas, desenvolve campanhas de informação, partilha notícias, reportagens com as histórias das pessoas e vai lançar o seu ‘Relatório 2025: Liberdade Religiosa no Mundo’, no dia 21 de outubro, pelas 16h00, no Centro Nacional de Cultura (Chiado), em Lisboa.
Francisco de Mendia, da Agência de Comunicação H/Advisors CV&A, explicou que ao longo dos anos têm apoiado a “comunicação de vários eventos”, nomeadamente da Igreja Católica, como a visita do Papa a Portugal, e ofereceram também a “colaboração à organização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”.
Segundo o vice-presidente/Lisboa da agência de comunicação queriam fazer chegar “a todos os portugueses” o que ia acontecer ter em agosto em 2023, com a JMJ, com o “objetivo de ser proactivo e dar informação em primeiro lugar”, para além dos meios de comunicação social em Portugal e contactos com os jornalistas, dinamizaram também alguma divulgação internacional.

“Só durante da Jornada Mundial da Juventude é que as pessoas perceberam a verdadeira dimensão. A nossa dificuldade maior foi ter cada vez mais informação”, referiu Francisco de Mendia, indicando que criaram um guia sobre o encontro para os jornalistas, promoveram uma “literacia bastante grande”.
O padre Guilherme Peixoto, missionário digital, numa comunicação gravada, explicou o seu trabalho como DJ onde coloca na “pista de dança” uma mensagem do Papa Francisco, a Fratelli Tutti, a Laudato Si, “um Salmo da Bíblia”, para que aquela hora e meia, ou duas horas de música tenham “um princípio, um meio e um fim, e que, quando termina o espetáculo, as pessoas regressem a casa de coração cheio, com mensagens fortes, e Cristo aconteceu”.
“Se for um concerto feito num ambiente cristão, aí 100% da música, entre 80% a 100%, a música é de inspiração cristã, e os outros 20%, às vezes até sem mensagens, mas é a música que me ajuda depois a montar esta linha melódica e a montar o concerto”, referiu o sacerdote da Arquidiocese de Braga, que destacou a importância de trabalhar com uma equipa profissional e dedicada também a este projeto.
Estas Jornadas são promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), e estão a decorrer no Seminário Maior de Coimbra, esta quinta e sexta-feira, dias 25 e 26 de setembro.
CB/OC
Os trabalhos começaram com uma conversa entre Clara Almeida Santos, é professora no Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e o padre Paulo Duarte, adjunto do diretor da Rede Mundial de Oração do Papa em Portugal, em torno do tema ‘Ser, parecer ou aparecer: fronteiras na comunicação’, com moderação de Nelson Mateus, jornalista da SIC.
As Jornadas Nacionais de Comunicação Social, da Igreja Católica em Portugal, vão incluir, esta sexta-feira, uma componente prática, com um Workshop “Storytelling digital: como criar conteúdos com impacto e relação”, conduzido por Nelson Pimenta, diretor digital do Grupo Renascença. A conferência final, sobre o tema “IA: (este) tempo e sentido(s)”, está a cargo de João Paiva, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Do programa consta também uma visita guiada aos espaços do Seminário de Coimbra, no fim das jornadas. |