Padre José Gabriel Vera e Cristina Sánchez participam em encontro que reúne responsáveis ibéricos

Funchal, Madeira, 04 nov 2025 (Ecclesia) – Os participantes no encontro das Comissões Episcopais responsáveis pelo setor dos media, em Portugal e Espanha, debateram hoje a necessidade de uma comunicação mais ágil e menos autorreferencial por parte da Igreja Católica.
“Eu diria que é importante ter em conta que a comunicação institucional é fundamental, mas que também é necessário estar presente nos meios de comunicação social generalistas, apresentando uma visão da doutrina social da Igreja perante tudo o que acontece”, disse à Agência ECCLESIA Cristina Sánchez, diretora de ‘Alfa y Omega’, uma publicação de informação católica editada pela Fundação San Agustín, vinculada à Arquidiocese de Madrid e distribuída semanalmente pelo jornal ABC.
A profissional é uma das conferencistas no encontro que decorre no Seminário Diocesano do Funchal, sobre o tema ‘A linguagem na comunicação eclesial’.
“É importante falar sobre o que se faz, evidentemente, porque, caso contrário, a informação que sai da Igreja normalmente nos meios de comunicação social não é uma comunicação positiva. Ou seja, temos de contar o que fazemos bem e o bem que fazemos a outras pessoas, mas essa não é a única vertente comunicativa que a Igreja deve ter”, acrescentou Cristina Sánchez.
José Gabriel Vera, secretário da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal de Espanha, assinalou por sua vez que a missão de evangelizar “deve aproveitar todos os canais disponíveis”.
“Nenhum meio de comunicação foi descartado na história da humanidade”, lembrou, destacando que a Igreja já constrói a sua mensagem para a Internet e redes sociais, mas enfrenta novos desafios.
O sacerdote identificou “três revoluções” que mudaram radicalmente a comunicação nos últimos 30 anos: a Internet, as redes sociais e a inteligência artificial.
“No mundo da Internet e no mundo das redes sociais, há inúmeras iniciativas valiosas de comunicação da Igreja, e agora é preciso procurar como estar presente no mundo da inteligência artificial. Parece-me que é um trabalho que nunca terminaremos completamente”, refere à Agência ECCLESIA.
O padre José Gabriel Vera admitiu que a Igreja “não é rápida a mudar a sua forma de agir”, dada a sua história, mas sublinhou que existem cada vez mais pessoas capazes de propor “uma mensagem com uma nova linguagem, mais rápida”.
“Nunca seremos tão rápidos quanto este mundo precisa, mas é verdade que estamos cada vez mais rápidos”, acrescentou.
O especialista defendeu ainda que a Igreja deve comunicar “o que pensa sobre muitas realidades que estão agora muito vivas na sociedade e na cultura”.
Não é apenas a vida da Igreja, mas o que a Igreja pensa sobre muitas realidades que estão agora muito vivas na sociedade e na cultura. Nós temos uma posição diante de todas essas coisas. Temos de fazer um esforço para refletir bem, comunicar e comunicar bem.”



Durante os trabalhos desta manhã, no Seminário Diocesano do Funchal, os participantes ouviram duas intervenções sobre o tema “A linguagem na comunicação eclesial”, por Gil Rosa, subdiretor da RTP Madeira, e Cristina Sánchez.
A diretora de ‘Alfa y Omega’ salientou que “existe realmente uma necessidade de transcendência no ser humano” e que a Igreja deve “dar uma resposta não só dentro das nossas paredes, mas também fora”.
Sobre as redes sociais, Cristina Sánchez alertou para o perigo de que os influenciadores no âmbito católico se “comuniquem a si mesmos”.
“Assim como a Igreja forma todos os agentes pastorais para milhões de coisas, para trabalhar com casais, para trabalhar com crianças, também é necessário formar as pessoas que se autodenominam missionários digitais”, apelou.
Para a entrevistada, a influência digital “pode ser um tesouro muito bem utilizado ou pode ser realmente um fardo”.
A responsável vincou que “a Igreja não pode falar apenas de si mesma” e deve oferecer uma “resposta evangélica” às preocupações da sociedade.
“Desde o bullying escolar, à educação, à regularização dos migrantes, como está a acontecer na Espanha, em que a Igreja faz parte do pedido de regularização de 500 mil pessoas no nosso país. Temos de estar presentes em tudo e explicar o porquê de uma forma de abordar ou não abordar tudo o que acontece e tudo o que se passa na vida das pessoas”, recomendou.
O encontro entre responsáveis pela comunicação social nas conferências episcopais de Portugal e Espanha termina esta quarta-feira, com a apresentação das conclusões em conferência de imprensa, no Seminário Diocesano, às 10h00, e a celebração da Missa às 11h00, na Catedral do Funchal.
A Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais de Portugal é presidida por D. Nuno Brás, bispo do Funchal, e a Comisión Episcopal para las Comunicaciones Sociales, de Espanha, por D. José Manuel Lorca, bispo de Cartagena.
PR/OC
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