Igreja/Media: «Entrar no mundo da comunicação é pôr-se numa arena feroz» – Bispo de Setúbal

D. José Ornelas disse na conferência de abertura do Congresso da AIC que é necessário estar presente «com transparência e coerência»

Almada, 27 out 2017 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal afirmou esta quinta-feira na abertura do X Congresso da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã que a Igreja Católica tem de estar presente na comunicação social “com transparência e coerência”, num mundo de “relações digitais”.

“Não tenhamos dúvida que entrar no mundo da comunicação é pôr-se numa arena feroz, e tantas vezes selvagem. Daí o medo de muitos, na Igreja, de expor-se deste modo. Mas é determinante estar presente, com transparência e coerência”, disse D. José Ornelas.

O bispo de Setúbal fez a conferência inaugural do X Congresso da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC), que decorre em Almada até este sábado e analisa o tema “A meio da ponte rumo ao futuro – Modelos editoriais e empresariais para a imprensa de inspiração cristã”.

Para D. José Ornelas, a Igreja não tem medo da comunicação, mas “sente o desejo e o dever de estar nessa arena, porque é aí que se decidem, cada vez mais as coisas”, sublinhando que a comunicação é “feita de diálogo”, “de dizer e de escuta”.

“Quando falamos de comunicação, não entendemos simplesmente o ‘dizer coisas’, levar mensagens, nem mesmo anunciar um conteúdo evangélico”, referiu o bispo de Setúbal.

“Comunicar é abrir-se e expor-se à alteridade, ao diálogo, ao ser do outro. Deus correu esse risco em Jesus, presença do Pai no mundo. Essa abertura ao diálogo com o outro é o desafio da comunicação na Igreja e da Igreja com o mundo”, acrescentou.

Para D. José Ornelas, a comunicação “significa expor-se, denunciar e apoiar, tomar partido, dar testemunho e lutar por um mundo novo em que muitos não estão interessados e, por isso reagirão”.

O bispo de Setúbal referiu-se também ao novo ambiente mediático para sublinhar que, neste contexto, “o verbo fez-se digital”.

“Para os nossos jovens, o tio Google é a nova Bíblia e sem dúvida o promotor de novos valores ou desvalores. A rede é que determina os grupos e a imagem é que veicula a mensagem, mais do que o texto”, defendeu.

D. José Ornelas lembrou que “o poder das redes sociais está aí” e pede uma “reconversão” da forma de comunicar” porque são um “fenómeno incontornável na sociedade atual”.

“Uma das regras que mudam radicalmente neste processo de socialização das redes tem a ver com a noção de autoridade; e isso é muito importante, para quem pretende transmitir valores, como a instituição família e a Igreja. Se não entrarmos nessa lógica dialogal arriscamo-nos a estar fora do mapa”, afirmou o Bispo de Setúbal.

O X Congresso da AIC termina com a sessão comemorativa dos 25 anos da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, este sábado, pelas 12h00.

PR

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Agência ECCLESIA

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