Igreja/Media: Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025 reforça convite a «desarmar» palavras de Francisco e Leão XIV

«Mansidão, esperança e coração, não são propriamente as palavras que mais aplicamos ao mundo da comunicação social e ao mundo dos jornalistas» – Isabel Figueiredo

Lisboa, 30 mai 2025 (Ecclesia) – A diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), da Conferência Episcopal Portuguesa, alerta para uma comunicação “marcada pela agressividade e pela violência”, reforçando o convite a “desarmar” as palavras, deixado por Francisco e Leão XIV.

“O que temos de procurar fazer é sermos claros em dizer quais são as consequências de desarmar as palavras e de desarmar a comunicação. E aí a Igreja e os crentes, e o mundo católico, têm uma obrigação de o dizer com clareza: Nós não podemos entrar neste registro altamente publicitário de que conseguimos fazer pelo choque e pela agressividade, que não tem que ser mas pode estar implícita, e tem consequências claramente negativas”, disse Isabel Figueiredo à Agência ECCLESIA.

A diretora do SNCS considera que se assiste, na atualidade, “a uma comunicação que está marcada pela agressividade e pela violência”, e lembrou, como exemplo, “um pequeno clipe que está a circular”, retirado de um anúncio criado para “alertar as pessoas para a questão do aborto”.

“Não nos passa sequer pela cabeça não ser contra o aborto, mas quem vê aquele vídeo tem a sensação nítida de que são palavras que estão completamente armadas, são imagens que estão completamente armadas”, assinalou.

A primeira audiência pública do Papa Leão XIV foi com milhares de profissionais da Comunicação Social que acompanharam o Conclave, onde apelou à libertação dos jornalistas presos, e pediu “uma comunicação desarmada e desarmante”, a 12 de maio, na segunda-feira seguinte à eleição, no Auditório Paulo VI.

“O desafio de ‘desarmar as palavras’ é incrivelmente importante, e passa muito por uma estratégia de perceber e de discernir a melhor forma de falar, de passar a mensagem, não deixar dizer aquilo que precisa ser dito, mas sem procurar o confronto, que de alguma forma até desvia um bocadinho do próprio assunto”, indica Ricardo Perna, diretor do Gabinete de Comunicação da Diocese de Setúbal

Foto: Lusa/EPA

Segundo o responsável , “importa estar, falar e comunicar”, e realça que o desafio é “expor o ponto de vista, estar presente”, porque as pessoas esperam que “a Igreja se pronuncie, as pessoas gostam que o seu bispo se pronuncie” para perceberem “como é que o seu pastor entende e vê a realidade”, o que é “uma forma importante de evangelização”.

A Igreja Católica celebra o Dia Mundial da Comunicações Sociais 2025 este domingo,  com a mensagem ‘Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações’, a última escrita pelo Papa Francisco para esta celebração.

Isabel Figueiredo salienta que ‘mansidão, esperança e coração’, “não são propriamente as palavras” que mais se aplicam “ao mundo da comunicação social e ao mundo dos jornalistas, é um pouco estranho”, e é ai que “reside a beleza do texto”.

“A comunicação está muito marcada por um olhar sobre a realidade, nua e crua, e, poucas vezes, vem analisada com um olhar de esperança”, acrescentou a diretora do SNCS.

Ricardo Perna recorda que quando ouviu a mensagem de Francisco ligou “muito àquilo que o Papa já tinha dito, da procura da boa notícia”, porque o jornalismo conta histórias que “nem sempre são boas, mas, às vezes, também podem ser”, e um olhar de esperança “é procurar o ponto positivo e procurar a boa notícia”.

“Aquilo que no trabalho de assessoria se faz, muitas vezes, é essa procura, sem esquecer aquilo que precisa ser melhorado e precisa ser trabalhado, é a procura da boa notícia, é a procura de histórias bonitas para contar, histórias que ajudem a reforçar aquilo que é o sentido de evangelização”, acrescentou o diretor do Gabinete de Comunicação na Diocese de Setúbal, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2, os dois entrevistados também comentaram a liturgia das Missas de domingo.

O Vaticano divulgou a 24 de janeiro, data em que a Igreja Católica celebrou a festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Comunicações Sociais 2025, com o tema ‘Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações’.

O texto desafia os jornalistas a um “compromisso corajoso” perante a desinformação e convida-os a serem “comunicadores da esperança” e a “desarmar a comunicação”.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes (1 de junho em 2025).

PR/CB/OC

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