Igreja/Media: «Comunicar no ambiente digital»

Jornadas de Comunicação Social vão analisar desafios do setor, em Fátima, a 3 e 4 de outubro

Lisboa, 25 set 2013 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja (SNCS) convidou os profissionais do setor, católicos ou não, a refletir em conjunto sobre as “possibilidades” do mundo digital.

Os meios de comunicação não são entendidos apenas como instrumentos que ajudam a Igreja a evangelizar, mas “o paradigma é falar do ambiente” porque estes meios “criaram e provocaram uma nova forma de ser homem e ser mulher”, assinala o cónego João Aguiar Campos, em declarações à ECCLESIA.

O sacerdote e o irmão Darlei Zanon debateram e apresentaram na RTP2 as próximas Jornadas de Comunicação Social, que vão decorrer em Fátima entre os dias 3 e 4 de outubro, sobre o tema ‘Comunicar no ambiente digital’.

O programa proposto pelo SNCS convida a refletir, a caracterizar e a descobrir os desafios deste ambiente, sejam profissionais ou pastorais: “Que desafios são esses para a presença do evangelho, para a comunicação do evangelho, como é que se habita cristãmente este espaço”, precisa o cónego João Aguiar.

 “De facto não se fala mais em usar a internet ou o usar digital porque não é um instrumento, é na verdade um novo ambiente e a Igreja obviamente também precisa pensar maneiras de reviver e de se repensar nesse ambiente”, explicou, por sua vez, o irmão Darlei Zanon, editor da Paulus.

O editor apresentou um livro onde revela um termo novo, a «cibereclesiologia», e aborda diversos elementos desta nova realidade, “alguns que ameaçam a Igreja e outros surgem como oportunidades”.

Uma dupla vertente, vantagens e riscos, que está sempre presente e em análise mas que não se pode deixar de arriscar porque “os riscos ocupam muito mais espaço se outras propostas coerentes, interpelativas, humanizantes deixarem de estar presentes”, explica o cónego João Campos Aguiar.

[[v,d,4200,Entrevista ao cónego João Aguiar Campos e Irmão Darlei Zanon]]A internet para além de tornar todos próximos, “independentemente dos milhares de quilómetros de distância”, e da democratização da cultura, tem a desvantagem de “por falta de tempo, por excesso de ruído de confundir aquilo que efetivamente vale, de confundir o minério com a ganga”, acrescentou.

Segundo o diretor do SNCS, “a fé exige um encontro e uma adesão pessoal” que se confronta com outros dos perigos da internet, o esvaziar a “apetência e o contacto, a necessidade e a riqueza” do encontro, do face a face.

Para o irmão Darlei Zanon, “o conceito de Igreja a partir do Concílio Vaticano II, o conceito de povo, de Igreja como corpo de Cristo, colegialidade dos bispos”, está em sintonia com o que a sociedade em rede e o ambiente digital pedem, “principalmente uma estrutura mais horizontal, mais uniforme”.

Perante a apetência de colocar todos ao mesmo nível, porque “não existe uma hierarquia de valores”, a presença da Igreja Católica precisa de ser “qualificada, pedagógica, educativa e que crie um diferencial, principalmente através do testemunho diferenciado”, desenvolve o editor da Paulus.

“No ambiente digital há uma certa aversão ao institucional”, analisa o responsável.

“Há lugar para o institucional porque também temos de nos encontrar, vivemos a fé numa comunidade e inseridos numa Igreja”, prosseguiu o cónego João Campos Aguiar, para quem estar e trabalhar em rede desafia “à multiplicidade de contactos e à multiplicidade de presenças”.

PR/CB/OC

Partilhar:
Scroll to Top