Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica contraria a ideia de que «a Missa é uma seca»
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Fátima, 27 jul 2022 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal Liturgia e Espiritualidade (CELE) disse à Agência ECCLESIA que não é necessário criar uma liturgia “à medida” dos jovens”, mas com eles “redescobrir a liturgia da Igreja”.
“Esta relação ‘jovens, liturgia, comunidade’ é uma enorme interpelação. Não que se queira criar uma liturgia para os jovens nem uma liturgia à medida dos jovens, mas, com os jovens e graças a eles, redescobrir a liturgia da Igreja”, afirmou D. José Cordeiro, em Fátima, onde decorre o Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica.
“Celebrar com os jovens” é o tema do 46º Encontro de Pastoral Litúrgica, promovido pelo Secretariado Nacional de Liturgia no âmbito do “dinamismo para a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”.
O presidente da CELE constata a “distância” e a “pouco participação” dos jovens na liturgia, nomeadamente da Missa dominical, e considera que é necessário propor formação e valorizar os momentos celebrativos em que os jovens já participam.
Há muitos jovens com quem tenho falado que dizem que ‘a Missa é uma seca’. Mas se a Liturgia, que é fonte e o cume da vida cristã, tem de ser ela a gerar mais vida. Mas, para isso, é preciso que a liturgia entre nos processos formativos dos jovens, da catequese”, sublinhou.
D. José Cordeiro defende uma liturgia “mais sóbria que não significa banal, mais profunda que não quer dizer pesada e uma liturgia participada, que não seja meramente assistida no cumprimento do preceito”.
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Para o cónego João Peixoto, que fez uma comunicação no Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica sobre a “dimensão comunitária da liturgia”, verifica-se por vezes a existência de “uma espécie de ‘turismo litúrgico’, com a procura das “missas da moda”.
O diretor do Secretariado de Liturgia da Diocese do Porto defende que “quem pode escolher que escolha” a partir da “a sensibilidade musical, o espaço da expressão autêntica e sincera, a qualidade do acolhimento, a sensibilidade de quem preside”.
“Mas depois não se pode ficar por aqui. Porque mesmo quando já encontram o lugar, o espaço, o celebrante, a homilia, a música com que se identificam, a determinada altura, com a repetição, vem a monotonia e é preciso ir mais além”, defendeu, afirmando que é necessário valorizar “o que faz com que cada celebração seja inédita”.
O cónego João Peixoto lembrou que “os jovens não gostam de repetições, gostam do inédito” e a liturgia não tem o problema de conciliar a novidade da liturgia com a repetição dos ritos”.
“A liturgia não tem esse problema, quem tem esse problema são os liturgos, os celebrantes. De todas as vezes que celebramos o memorial da redenção, é agora, é hoje que se cumpre a Páscoa do Senhor, é agora que Ele se senta à mesa connosco para comer a Páscoa que tanto desejou, precisamente connosco”, afirmou.
Na conferência inaugural do 46º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, o padre Jorge Ferreira, da Diocese de Angra, defendeu que a liturgia pode ser o ambiente de “aproximação aos jovens”, o que implica “formação e educação”.
O 46º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica termina esta quinta-feira, em Fátima, com uma conferência do padre Adelino Ascenso, superior geral da Sociedade Missionária da Boa Nova, sobre o tema “Educar para o silêncio orante”.
PR