Igreja: LOC/MTC de Lisboa afirma que «propostas de alteração ao código de trabalho» são «um retrocesso nos direitos»

Movimento divulgou moção intitulada «Por um trabalho digno para todos», aprovada em assembleia diocesana e eleitoral

Lisboa, 28 out 2025 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica-Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC-MTC) da Diocese de Lisboa contestou as recentes propostas de alteração à legislação laboral apresentadas pelo Governo, numa moção divulgada hoje.

“A LOC da Diocese de Lisboa reunida em Assembleia Geral declara: Rejeitar as propostas de alteração ao código do trabalho, apresentadas pelo governo, porque são um retrocesso nos direitos”, pode ler-se no texto enviado à Agência ECCLESIA.

O movimento defende que “o lucro não pode sacrificar a dignidade e os direitos das pessoas, que são o património mais precioso de qualquer empresa”.

“Por um trabalho digno para todos” é o título da moção aprovada por unanimidade na assembleia diocesana e eleitoral, realizada no passado domingo, na Basílica da Estrela, em Lisboa, que aborda o anteprojeto de reforma da legislação laboral, intitulado “Trabalho XXI”, que inclui mais de 100 medidas.

Para a LOC-MTC de Lisboa, as recentes propostas de alteração que o Governo apresentou, com o argumento “de flexibilizar a rigidez laboral”, “omitem a verdadeira intenção”.

“Na verdade, tais propostas têm implicações, não apenas nos rendimentos, mas também nas condições de vida dos trabalhadores e suas famílias”, destaca.

“Incentivam os baixos salários, a precariedade, com particulares incidências nos jovens, diminuindo ainda mais a capacidade de conciliar a vida familiar com a profissional. Aumentando a injustiça que existe nas relações de trabalho, facilitam os despedimentos, retiram direitos da parentalidade e da organização dos trabalhadores, entre outras matérias”, denuncia a moção.

O movimento realça que “a condição de vida dos trabalhadores vai-se agravando, devido aos baixos salários, enquanto aumentam o preço dos bens essenciais e da habitação”.

“Tudo aumenta… o rendimento do trabalho diminui…”, lamenta.

Indicando que “o pleno emprego é um objetivo de todo o ordenamento socioeconómico, orientado para a justiça e para o bem comum”, a LOC-MTC de Lisboa salienta que “o trabalhador é muito mais do que um simples instrumento de produção”.

“O trabalho torna possível a constituição de uma família. É um direito fundamental e uma vocação da pessoa. As condições de trabalho, incluindo a remuneração e a sua duração, devem favorecer a vida familiar, e não penalizá-la”, escreveu o movimento.

A moção lembra ainda que “a precariedade laboral gera instabilidade psicológica e dificulta a constituição de uma família aberta à vida ou à realização de outros projetos pessoais duradouros”.

O movimento ressalta que “nas grandes decisões estratégicas e financeiras, os empresários não podem seguir apenas critérios de natureza financeira ou comercial, esquecendo-se da dignidade dos trabalhadores: “Renunciar ao investimento nas pessoas para obter maior receita imediata acaba por se revelar como uma má opção para a sociedade”.

“Apelar aos decisores políticos para a tomada de decisões que visem o ‘desenvolvimento da sociedade, em que o trabalho é o pilar essencial da vida social, que não seja visto apenas como um modo de ganhar o pão, mas também um meio para o crescimento pessoal, para estabelecer relações sadias, expressar-se a si próprio, partilhar dons, sentir-se corresponsável do mundo e, finalmente, viver como povo’”, conclui.

LJ/OC

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