Igreja: Leitura «fundamentalista» ou sem preparação da Bíblia pode ser perigosa, adverte especialista católico

Texto sagrado deve ser divulgado e ensinado, diz frei Manuel Arantes

Fátima, Santarém, 30 ago 2012 (Ecclesia) – A compreensão à letra da Bíblia, por opção ou falta de conhecimentos, implica riscos para os seus leitores, adverte o frei Manuel Arantes, do Secretariado Nacional de Dinamização Bíblica (SNDB), da Igreja Católica.

“Ler a Bíblia só por ler pode ser perigoso”, dado que “se as pessoas não estão preparadas tiram conclusões que não estão no texto”, o que é “grave”, frisou hoje o religioso Franciscano Capuchinho em declarações à Agência ECCLESIA.

Depois de sublinhar que “muitas seitas fazem uma leitura fundamentalista” do texto sagrado para os cristãos, o mesmo acontecendo a “muitos católicos”, o responsável vincou que a “a preocupação fundamental da Igreja deve ser não só dar a Bíblia mas também ensinar a lê-la”.

O secretário do SNDB pensa que nos últimos anos tem havido em Portugal uma aproximação dos católicos à Bíblia mas salienta que esta tendência “não atinge a maior parte dos setores da Igreja”: “Tem havido uma caminhada, mas ainda há muito a fazer”.

Referindo-se à 35.ª Semana Bíblia Nacional, iniciativa organizada pelos Franciscanos Capuchinhos que terminou hoje em Fátima, o religioso fez uma avaliação “positiva” da iniciativa, dedicada ao tema “Desafios da Nova Evangelização”.

A intervenção que causou “mais barulho” foi a do padre Anselmo Borges, sobre “A linguagem da Nova Evangelização”.

O professor de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra acentuou que os “conteúdos da linguagem” escolhidos pela Igreja Católica “têm sido muito negativos”, pelo que é preciso “purificá-los”, relatou o frei Manuel Arantes.

A conferência do sacerdote dos Missionários da Boa Nova “baralhou os participantes”, como foi o caso das afirmações sobre os “milagres” e o “pecado original”, que constituem “temas polémicos da Igreja”, acrescentou.

“Algumas pessoas não ficaram contentes” com a intervenção “frontal” e “muito seca” do padre Anselmo Borges, situação que para o frei Manuel Arantes se deveu à falta de preparação da assembleia relativamente a temas “de fronteira”.

O religioso franciscano destacou também o discurso sobre a “Evangelização dos novos pagãos à luz de São Paulo”, do bispo de Lamego, D. António Couto, “um artista na maneira de expor”, e a conferência de Cristina Sá Carvalho, centrada nas “novas formas de evangelização”.

O encontro, que começou no domingo, contou com a presença de 250 pessoas, menos do que em 2011: “A crise também se nota aqui”, apontou o frei Manuel Arantes.

RJM

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top