Professor de Teologia da UCP destaca capacidade conciliadora de Leão XIV

Porto, 11 mai 2025 (Ecclesia) – O teólogo Jorge Teixeira da Cunha, professor catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, afirmou que Leão XIV foi uma escolha “sábia” do Conclave e que o novo Papa veio para “simplificar”.
“Acho que ele vai desconstruir todas as imagens de confrontação que havia entre progressistas e conservadores”, refere o sacerdote da Diocese do Porto, convidado da entrevista semanal conjunta ECCLESIA/Renascença.
O docente universitário destaca a imagem de alguém que veio se apresentou com uma mensagem simples e uma imagem “ágil” e “pragmática”.
Para Jorge Teixeira da Cunha, o novo Papa “é um homem que conhece o mundo” e será capaz de conciliar “todos os extremos”.
O especialista em Teologia Moral sublinha a capacidade da Igreja, que, ao escolher este Papa, mostra que tem “reservas inesgotáveis de criatividade” e diz esperar que “o novo Papa leve a América a dar o seu contributo para a pacificação do mundo”.
O entrevistado acredita que Leão XIV “vai ajudar à desmontagem dos problemas complicados” e liga o pontificado à mensagem de Leão XIII, que em 1891 publicou uma encíclica sobre os direitos dos trabalhadores e a justiça social, esperando “um texto orientador acerca do trabalho humano”.
“Hoje, temos necessidade de uma nova ‘Rerum Novarum’, de uma nova encíclica sobre o trabalho”, sublinha.
O teólogo português defende que as “inovações que estão a acontecer” e os desafios da Inteligência Artificial devem levar Leão XIV a promover uma nova reflexão sobre “a educação moral e espiritual”.
“As inovações que estão a acontecer no trabalho humano são, por um lado, uma fonte de grande esperança para o nosso mundo. O robô vai livrar-nos de muita escravatura do trabalho produtivo, mas o robô pode também parasitar-nos a alma”, alerta.
Noutro plano, Jorge Teixeira da Cunha acredita que a dinâmica da sinodalidade não sofrerá recuos com o novo Papa, sustentando que “a sinodalidade aprofunda a democracia na Igreja” e “pretende melhorar as formas de participação na igreja e na sociedade”.
O cardeal Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito esta quinta-feira como Papa, após dois dias de Conclave, assumindo o nome de Leão XIV.
O primeiro pontífice norte-americano, de 69 anos de idade, foi missionário e bispo no Peru, tendo ainda sido superior geral da Ordem de Santo Agostinho – é também o primeiro Papa agostiniano da história.
O padre Jorge Teixeira da Cunha entende que esta foi uma escolha “providencial” e pode “levar a América a desempenhar no mundo o seu papel”.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Agência Ecclesia)