Cardeal Oscar Maradiaga sublinha necessidade de ir ao encontro de quem sofre
Lisboa, 10 abr 2015 (Ecclesia) – O cardeal hondurenho D. Oscar Rodríguez Maradiaga, presidente da Cáritas Internacional, disse à Agência ECCLESIA que o Jubileu da Misericórdia que o Papa convocou vai ajudar a Igreja a ir ao encontro das pessoas, saindo das suas fronteiras.
“Neste ano, por certo, teremos de esforçar-nos mais nesta ‘pastoral dos afastados’, para aproximá-los, para ir até eles”, referiu o coordenador do Conselho de Cardeais, o chamado ‘C9’ do Vaticano, em entrevista publicada na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.
O Papa Francisco vai apresentar este sábado a bula ‘Misericordiæ Vultus’ (rosto de misericórdia), com a qual convoca oficialmente o Jubileu da Misericórdia (dezembro de 2015-novembro de 2016).
Segundo D. Oscar Maradiaga, mais do que redefinir ou repetir a doutrina católica, “é preciso que as pessoas se aproximem da Igreja, inclusive os católicos que se mantiveram a uma certa distância”.
“Para trazer as pessoas para perto da Igreja, eram necessários sinais como os que o Papa Francisco está a cumprir, uma Igreja em saída, que dê ‘sarilhos’, como ele diz, que seja uma espécie de hospital de campanha para curar tantas feridas”, acrescentou.
Para o colaborador do Papa argentino, há muitos católicos que “precisam de cura” e contam com a presença do pároco que está perto deles.
“Também na Europa, com o Sínodo da Família, vimos tantas feridas, tantos sofrimentos, tantas famílias que fracassaram e querem começar uma nova aliança”, acrescentou.
Segundo D. Oscar Maradiaga, houve quem interpretasse “mal” o desejo que o Papa tem ir ao encontro de quem está longe, porque “pensam que é hipotecar a doutrina”.
“O Santo Padre viveu na sua própria pele esta necessidade de sublinhar a misericórdia. Ao celebrar os dois anos de pontificado do Papa Francisco, no meu país, dizia que se tivesse de o resumir em poucas palavras, a primeira seria misericórdia, a primeira”, prosseguiu.
O arcebispo de Tegucigalpa, Honduras, sustenta que a pastoral é “precisamente o cuidado das ovelhas”, não só das que estão saudáveis, “mas sobretudo das fracas, das doentes, das que estão em crise”.
“O Papa tem dito que ninguém está fora da misericórdia e isso, do meu ponto de vista, abriu caminho para muitíssimas pessoas que estavam afastadas”, refere.
D. Oscar Rodríguez Maradiaga recorda que, na Bíblia, o jubileu era uma espécie de “perdão geral”, no qual se perdoavam “até as dívidas”.
“O jubileu na Bíblia não se referia só às dívidas mas também à liberdade, à libertação dos escravos, por exemplo, dos que estavam submetidos, por diversas razões, a outras pessoas. O jubileu era quase como encontrar – como a palavra diz – júbilo, alegria, um ano de graça do Senhor”, assinala.
OC